Seus olhos
confirmaram o que já sabia. A ligação não atendida era dele.
Talvez por
isso tenha hesitado tanto em caminhar em direção ao telefone.
Antes mesmo
de completar o suspiro, ele vibrou em suas mãos.
O coração
palpitava descompassadamente.
Uma disputa
entre querer e saber que o melhor seria recusar.
A última
conversa não havia terminado bem. Discutiram e, há dias,
apenas o
silêncio e a saudade se fizeram presentes.
Aquele último
domingo não saía de sua cabeça.
Cada vez que
lembrava a maneira como se olharam,
novamente sentia
o arrepio, o mesmo arrepio.
Conseguia
ouvir aquelas palavras repetidas vezes.
Ele garantia
nunca antes ter sentido aquilo.
Era incapaz
sequer de nomear o sentimento.
Só sabia que
queria estar com ela.
Ele não
sabia, mas ela já o amava.
Mais uma
ligação perdida.
O tempo
passava e ela temia atender.
Mais uma
ligação recebida.
Ela respirou
fundo e com a voz embargada quebrou a resistência.
- Alô!
Alguns
segundos sem resposta pareciam uma eternidade.
Ela insistiu
e depois de algumas tentativas, ouviu:
- Desculpa!
Eu prometi não ligar mais. Sei que não deveria.
Costumo cumprir o que digo, mas...
- Mas?
-
Eu precisava ouvir, pelo menos, o som da sua respiração.
continua...