"Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, se não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine."
(I Coríntios 13.1)


terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Sem querer

Não programamos nada
Foi acontecendo aos poucos, quase imperceptível
Me atrevo a dizer que fomos os últimos a notar
Estávamos tão distraídos que ao perceber já era tarde
Tarde para impedir a troca de olhares
A brincadeira fora de hora
A cumplicidade silenciosa
A necessidade mútua
A saudade perturbadora
O pensamento que, sem querer, me leva até você
Nos julgávamos tão espertos, não é?
Viramos reféns de nós mesmos
Vítimas de um sentimento forte e verdadeiro
Como sei disso?
Basta olhar para nós dois
Eu aqui e você aí
Tão longe e tão perto
Tudo aconteceu assim, naturalmente
Sem querer, acho que me apaixonei por você

domingo, 26 de dezembro de 2010

Não veio

Anoiteceu e você não veio
Vi o pôr-do-sol e esperei para ver você chegar
Não, não me disse que viria. É verdade
Mas algo dentro de mim teimava e me fazia acreditar
Acreditar que me ouviria chamar, mesmo sem dizer uma só palavra
Mentiu. Não você, mas essa paixão que agora arde aqui
Paixão tão incontrolável quanto a vontade de te ver
Tão grande quanto a falta que me faz
Completamente imprevisível
Impossível me defender de você
Te procuro em todos os lugares
Desejo ouvir a tua voz gritando no meu portão
Ver o teu nome aparecer no meu celular
Agora, daqui a pouco, no meio da noite, quando eu menos espero
Quanto mais nego, mais quero
Esperei, mas você não veio
E ainda que eu chame, não virá
A paixão me enganou, outra vez mentiu para mim

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Será

Eu só queria entender
Depois de tanto tempo, de tanta coisa
Assim, sem mais nem menos, chega e despeja tudo
E eu, que custei tanto a acreditar
Será mesmo verdade?
Agora estou aqui, sem saber o que represento para você
Um passado a ser recordado?
Um presente cada vez mais distante?
Alguém que veio, passou e deixará ir?
Eu fui, sou ou ainda serei?
Nunca entendi e continuo sem a resposta
Será que estou com medo de entender?
Será que você não soube explicar?
Será que continuo não enxergando o óbvio?
Se soubesse como desejei isso...
Não faz ideia de como é importante para mim
Estou confusa, perdida, sem saber em que acreditar
E você, onde está agora?
Por que não veio ficar comigo?
Será apenas um engano?
O que quer de mim?
Por que não vem me mostrar?
Seremos mais do que fomos até hoje?
O que somos afinal?
O que sou para você?
Será mesmo verdade?
Será ou nunca será?

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Agora

Largue agora o que está fazendo.
Não pense, não espere mais.
Pegue a chave do carro. Acelere.
Percorra todos os quilometros necessários.
Atravesse o mar se for preciso, mas tem que ser agora.
Os ponteiros do relógio não param.
As horas estão passando. Muitas já se passaram.
Estou aqui. Pronta. A sua espera.
Mas não até amanhã. Tem que ser agora.
Decida de uma vez.
Sei que quer tanto quanto eu.
Precisamos um do outro.
Nos completamos.
O que sentimos é muito forte.
Sei que me encontraria em qualquer lugar do mundo.
Eu te encontraria.
Já nos conhecemos e sabemos disso.
Há quanto tempo estamos esperando.
Acabe de uma vez com essa espera.
Vem agora.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Vai!

Vai logo! Sai!
Já chega de pretexto, de conversa fiada.
Pode ir!
Mas se quer ir, que vá agora.
Já perdemos tempo demais com tanta ladainha.
É, talvez não tenhamos perdido e sim ganhado.
Ganhamos experiência, ganhamos também feridas que demorarão muito para cicatrizar.
Feridas causadas por palavras, mas, principalmente, pela ausência delas.
Não falou, não agiu, me deixou apenas com suposições.
Mas não tem problema, vou ficar bem.
O que estou sentindo vai passar.
Não sei quando. Sei que vai demorar, mas um dia vai.
Vai, assim como você pretende ir agora.
Não precisava disso, mas você escolheu assim, então vai.
Você deve saber o que está fazendo, não é?
Não falarei mais nada. Se quer assim, assim será.
Você é um homem, certamente sabe o que é melhor para você.
Já era de se esperar por isso. Nunca ouvi nada de você.
Esperar uma atitude foi opção minha.
Então, pode ir e faça o que quer da sua vida.
Só não esqueça que um dia lembrará de mim, de nós.
E se decidir ir, não olhe para trás.
Não terá volta. Trancará definitivamente a porta.
Destruirá qualquer possibilidade.
Não me verá outra vez.
Não ouvirá mais a minha voz.
Não sentirá mais o meu cheiro.
Não terá minhas mãos.
Nunca mais estarei com você.
Você escolhe ir e de mim...
...terá apenas a lembrança daquilo que deixou para trás.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Desculpas

Não, não vou mentir
Sim, tenho medo, muito medo
Deixamos muita coisa passar
Chances de deixar rolar
Oportunidades que jamais voltarão
Por vezes estivemos prestes a agir
Nos seguramos nem sei ainda por qual motivo
A razão venceu o impulso
Sempre tínhamos uma desculpa preparada
Lembro perfeitamente de momentos únicos
Nos olhamos fundo revelando um ao outro o desejo mútuo
Ainda posso sentir o arrepio
Bastou um toque, leve. Você também sentiu
Evitamos muita aproximação física
Sabíamos que se nos aproximássemos muito seria inevitável
Impossível impedir. É muito mais forte que nós
Receio de acontecer e querer mais
Medo de ter e não saber ficar sem depois
O tempo passou e nós também
As desculpas nos impediram de fazer o que até agora queremos
Desculpas que nos afastam cada dia mais
Temo nunca acontecer e me perder completamente de você
Qual será a desculpa que inventaremos para nós mesmos?

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Negue

Negue
Mas negue agora, olhando nos meus olhos
Não fuja de mim
Não faça de conta que não é com você
Já chega disso tudo
Desculpas, disfarces, suposições
Negue que me quer
Negue que sente a minha falta
Quero ouvir da sua boca que sou indiferente
Que tudo não passou de uma brincadeira
Um engano, uma ilusão
Negue que lembra de mim
Negue que já passou noites em claro pensando em mim
Pensando em nós dois
Tentando entender o que acontece quando estamos juntos
Negue o vazio que sente quando não nos vemos
Negue o medo de me ver partir
Negue que o seu coração acelera quando eu chego
Que eu te deixo sem graça
Que sente ciúme quando alguém se aproxima
Negue essa sintonia que existe entre nós
Negue a vontade de me ver, de me tocar, de me beijar
Negue que precisamos um do outro
Negue que estamos apaixonados
Negue agora, olhando nos meus olhos
Negue e eu nego também

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Não me olhe mais

Por favor, não faz mais isso
Pare de me olhar como se quisesse o mesmo que eu
Não percebe que isso é injusto
Se não quer ou não sabe se quer, pare
Sabe o quanto é importante para mim
Então não torne as coisas mais difíceis do que já são
Passamos tanto tempo fugindo e fingindo
Não percebe que não adiantou nada
Nos perdemos dentro de nós
Perdemos o controle da situação
E vamos acabar nos perdendo um do outro
Não adianta mais esconder
Ninguém pode fazer por nós o que nos recusamos a fazer
Então não me recrimine quando eu for embora
Eu só quero ser feliz
Conhecer a tal felicidade que você não quer me mostrar
E se não quer mesmo, não continue alimentando minha ilusão
Me deixe ir e não sinta raiva depois
Esperei, espero, mas não sei até quando
Talvez eu vá e desta vez pode ser que eu não volte
Não me olhe mais
O seu olhar me deixa sem ação
Me inebria, me extasia, me encanta completamente
Vou guardar para sempre comigo
E mesmo querendo te ver me olhando
Por favor, pare e não me olhe mais

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Imaginação

Enfim o calor escaldante deu uma trégua
Um vento fresco invade a sala pela porta escancarada
Por mais que eu tente evitar não consigo
A imaginação me faz viajar
Para longe de tudo e de todos
Ou quase todos
É impossível imaginar qualquer coisa sem você
Um lugar deserto
Este mesmo vento
Uma rede
Eu e você
Descalços, correndo sem direção certa
Feito duas crianças, longe de qualquer receio
Sua mão me acariciando
Seus lábios me tocando
Seus olhos me estudando
Tudo perfeito, se não fosse só imaginação
O interfone me faz despertar de mais uma utopia
Cá estou eu, desejando ouvir sua voz ao telefone
Que só toca na minha fértil imaginação
Imaginação que me faz esperar e querer você cada dia mais
Você na minha porta, gritando o meu nome
Me levando contigo para tornar realidade tantas ilusões
Imaginação que insiste em me roubar a solidez do mundo real

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Juntos e sozinhos

Me dá a sua mão
Segure forte e não solte mais
Tão forte quanto o desejo que sentimos de viver isso
Tudo passa muito rápido
Tão rápido quanto as batidas do nosso coração agora
Esperamos tanto por isso
No fundo, sei que esperaríamos mais se fosse preciso
Mas para que esperar se estamos aqui
Um diante do outro
Juntos e sozinhos
Nossa única testemunha está ali
Imponente, linda e misteriosa
Iluminando a noite e compondo um cenário perfeito
Feche os olhos e não fale nada
Apenas sinta
Sinta o cheiro desta noite, misturado ao meu perfume
Que nunca esteve tão perto de você
Somos só nós e mais nada
Então não me deixe ir como das outras vezes
Sem ouvir você, sem sentir você
Me prenda em teus braços agora para não me perder
Faça esse momento valer para nós dois
Não me deixe escapar
Segure forte e não solte mais

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A vontade

Gritar, o mais alto possível.
Abrir a boca e fazer com que todos saibam.
Desengasgar.
Não percebe que isso tudo já não cola mais?
Fingir, despistar, omitir...
Quem estamos tentando enganar?
Eles? Não!
Apenas nós continuamos nos enganando.
Seguimos com a farsa.
Negamos com as palavras.
Admitimos com os olhos.
Você sabe.
Do mesmo jeito que eu sei.
Consegue ouvir?
A vontade não se cala mais.
Talvez a razão ainda nos mantenha com os pés no chão.
A briga entre o querer e o dever.
E nós dois torcendo por alguns momentos de insanidade.
Para tornar realidade nossos devaneios.
A vontade há tanto sufocada, já não cabe mais dentro de nós.
O esconderijo ficou pequeno comparado à sua intensidade.
Mas a nossa capacidade de dissimular ainda tenta se manter intacta.
Quanto tempo mais?
O suficiente para passar e levar todas as chances.