"Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, se não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine."
(I Coríntios 13.1)


domingo, 28 de março de 2010

Aquela menina. Essa mulher.

Hoje parei por algum tempo e comecei pensar na vida. Na minha vida. Para falar a verdade, essa análise, se é que posso chamar assim, não começou hoje. Passei mais da metade da semana tentando entender tantas coisas. Coisas que desde pequena acredito e espero. Coisas que me falaram tantas vezes e nunca levei em consideração.
É, o tempo passa, algumas coisas se concretizaram e outras continuo esperando.
Espero demais. Descobri que por mais que eu odeie demonstrar fragilidade, por diversas vezes me olhei e só consegui ver uma menina carente, escondida numa mulher que diariamente luta para provar para os outros e, principalmente, para si mesma que é capaz daquilo que sempre duvidaram.
Aquela menina que se sentia rejeitada, que foi chamada de "ovelha negra" da família.
Aquela menina complexada, que era vista como a gordinha, pobre e CDF da turma.
Aquela menina insegura cresceu.
Muita coisa mudou. Hoje, aquelas que debochavam da pobretona da escola, que nunca ficava com ninguém, estão gordas, com filhos para criar e sozinhas. O que restou foram alguns apelidos pejorativos, colocados pelos bonitões que às endeusavam.
Aquela menina cresceu e se tornou uma mulher. Uma mulher que pensa ser corajosa, forte, sensata, mas que ainda guarda algumas coisas deixadas pela menina.
Essa mulher que ainda acredita que pode ser amada de verdade por um homem destemido, capaz de lutar pelo seu amor, até provar que pode salvá-la do mundo de ilusões em que vive.
Essa mulher que algumas vezes se sente pequena, por não conseguir enfrentar seus receios pelo simples medo de se decepcionar.
Essa mulher, que como aquela menina, detesta ser ignorada, mas não dá o braço a torcer de jeito nenhum.
Essa mulher que só precisa de um sinal para enxergar quem de fato merece sua atenção.
Essa mulher que no fundo ainda é apenas uma menina.

sábado, 20 de março de 2010

Mais, muito mais!

Há alguns dias completei 25 anos. Sempre ouvi das pessoas que aparentava mais idade do que minha carteira de identidade comprovava. Talvez a necessidade precoce de lidar com assuntos importantes, tenha feito a menina tímida e insegura amadurecer mais rápido.
Lembro bem das viagens no banco traseiro do carro ao lado de minha mãe. Representante comercial, precisava vender para ganhar. Quando minha avó podia, nos acompanhava. Eram os dias em que ficava no carro brincando, conversando, cantarolando. Outras vezes, sem minha companheira, o jeito era descer e entrar no cliente com minha mãe. Apertões nas bochechas, tapinhas na cabeça, dedos deslizando nos meus cabelos e eu vermelha de vergonha. Isso se a empresa permitisse a entrade de menores de 12 anos. Quando não, o jeito era esperar na portaria ou na recepção, com o funcionário ou funcionária tentando fazer amizade.
Com 9 anos ajudava minha mãe no restaurante do meu tio. Especializado em comida nordestina, adorava quando tinha baião de dois e Sprite gelada. Era o melhor momento do dia, pois, nos demais lá estava eu no caixa vendo um monte de homem babaca falando besteira. Tive uma professora que reclamou. Disse que eu era uma criança e que não devia estar trabalhando, mas tendo momentos de lazer quando não estava na escola. Fiquei com uma imensa vontade de perguntar se ela ia colocar comida na mesa de casa, mas ainda não tinha coragem de abrir a boca para nada.
Aos 11 anos trabalhamos numa sorveteria. Também ficava no caixa, mas ajudava na limpeza e no que precisasse. Podia escolher um doce ou um sorvete por dia. Sempre que me dava vontade de chorar lembrava do gosto e esquecia na hora. Ser criança é mesmo maravilhoso!
Só aos 14 comecei a trabalhar de verdade, cumprindo carga horária e tudo mais. Tive que mudar de escola e de período. Seria o início do ensino médio, à noite, o que significa três anos sem professor, mas isso não vem ao caso.
Enfim, nunca precisei de homem para nada. Só lembrava que não tinha pai quando alguém me perguntava alguma coisa. Aprendi com minha mãe, uma mulher de verdade, que quando temos fé em Deus e lutamos pelo que queremos o percurso sempre parece mais curto, mesmo com os tombos pelo caminho.
Então, só queria entender por que tenho ouvido tanta coisa do tipo: "Nossa, mas você é tão linda, como pode estar sozinha?". "Ai, você só trabalha e estuda, precisa arrumar um namorado para se distrair!". "Hum... está na hora de arrumar alguém hein... daqui a pouco chega aos 30...".
Alguém pode me responder, desde quando ter um ser do sexo masculino faz de uma mulher uma pessoa mais realizada?
Ótimo! Concordo que é maravilhoso ter alguém ao seu lado, para beijar, abraçar, fungar. Mas quem disse que esse é o único jeito de uma mulher ser feliz?
Conheço várias que tem um ao lado e são completamente mal amadas.
É claro que sinto falta de alguém, não vou ser hipócrita e dizer que não, mas quero mais que um namorado. Não quero apenas um cara para andar de mãos dadas comigo. Alguém que goste de ir aos lugares e me exibir como um prêmio.
Quero um homem de verdade. Que me escute quando preciso falar, que prefira ficar em casa comigo a sair com os amigos, que me admire e não apenas tenha atração por mim. Quero mais.
Não pense que quero um homem perfeito. Não mesmo. Além de não existir, se isso fosse possível, não teria graça.
Quero sim encontrar alguém. Viver momentos especiais, dividir meu dia-a-dia, compartilhar meus sonhos, brigar, sentir ciúme, fazer as pazes, me diveritir... viver.
Viver de verdade e não fingir uma vida. Por isso, penso tanto, espero tanto. Quero tanto. Pode ser que ele esteja perto e ainda não notei ou, quem sabe, ele ainda não me mostrou.
Quero mais, muito mais. Mereço mais e posso ser mais, mais especial do que imagina.

quinta-feira, 18 de março de 2010

O sabor que não conheço

Os dias passam. Trabalho normalmente e sigo minha rotina como se todas as coisas estivessem no lugar. E estariam, não fosse a falta que sinto do abraço que nunca recebi.
Como entender o que acontece? Como aconteceu?
Sinto seu cheiro mesmo se nunca ter se aproximado o suficiente para se misturar ao meu.
Quando as coisas parecem começar a se ajeitar, nos afastamos inexplicavelmente.
Procuro um sentido para entender o que você causa em mim. A busca é inútil.
Tenha uma vontade incompreensível de te tocar, te beijar... Não preciso dizer, afinal, meus olhos me entregam, mesmo tentando disfarçar.
As vezes penso que não deve acontecer. O tempo vai passar e certamente conseguirei me livrar desse sentimento que despertou em mim.
Talvez assim seja mais fácil, a dor não seja tão intensa. Não terei provado teus carinhos. Não conhecerei teu gosto.
Viverei das lembranças de fatos que só em meus sonhos existiram.
Momentos em que tive você tão perto, mesmo tão longe.