"Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, se não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine."
(I Coríntios 13.1)


sábado, 28 de maio de 2011

...

É complicado demais tentar explicar. Está tudo muito estranho.
Estamos agindo quase como dois estranhos.
Não sei como falar com você. Não sei se devo falar com você.
É como se algo tivesse se partido.
Os meus cacos continuam espalhados pelo chão.
Você está aqui, mas sequer nota meu estado.
Não vê que está me colocando para fora da sua vida.
Talvez eu ainda não tenha percebido que não há lugar em você para mim.
Dói demais. É como uma ferida que arde sem cessar.
A sua indiferença me fere e a dúvida me mata aos poucos.
Uma história que sequer começou, parece estar terminando
e o que sobra é a dor de não viver este amor.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Diga

Olhe nos meus olhos e diga que tudo não passou de um mal entendido.
Uma brincadeira inconsequente ou palavras impensadas.
Diga que não sente nada por mim.
Que minha presença é indiferente e que minha ausência não te perturba.
Diga que não fica sem graça quando estou perto
e que meu sorriso não te deixa sem ação.
Diga que meu olhar não te faz viajar e que meu perfume
não está gravado em sua memória.
Diga que minha voz não faz disparar o seu coração
e que minha pele ao tocar a sua não te arrepia.
Diga que quando me viu pela primeira vez sequer chamei a sua atenção.
Diga que não se lembra de mim quando precisa de alguém para desabafar,
rir, jogar conversa fora ou seja lá para o que for.
Diga que quando fecha os olhos não é o meu rosto que você vê.
Diga que nossas diferenças só serviram para nos afastar
e que meu jeito não te fez pensar que estava ficando louco.
Diga que nunca te tirei o sono ou que nunca sonhou comigo.
Diga que nunca acordou no meio da noite me querendo ali ao seu lado.
Diga que não sente vontade de sair correndo, vir ao meu encontro
e me levar com você para algum lugar sem destino certo.
Diga que quando olha para a lua não lembra de mim.
Diga que não nos imagina juntos e que nunca desejou me ter em seus braços.
Diga que nunca tentou adivinhar qual o sabor dos meus lábios.
Diga que já não precisou fugir do meu olhar por pensar que não resistiria.
Diga que não me provoca, que não gosta de me ver irritada.
Diga que não te desperto nada e nem sente atração por mim.
Diga que não significo nada para você,
que posso ir embora e que não te faço falta.
Diga, basta que você diga.
Eu vou e nunca mais precisará me dizer nada.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Pressa

Só assim para percebermos o quanto somos pequenos e impotentes.
Quando tentamos desesperadamente fugir de um sentimento
e ironicamente caímos aos seus pés, como um escravo que não tem outra saída
a não ser render-se e servir às suas vontades.
Injusto, mas inevitável. Tão inevitável quanto atraente.
Na verdade é o que queremos. Buscamos esse senhor constantemente.
Queremos sentir o seu poder sobre nós. Negamos, mas desejamos.
Mais do que isso, precisamos nos submeter à sua força.
Esperamos sentir sua intensidade e sem perceber concordamos com as suas regras.
O tempo é a maior tortura. Sempre traz consigo a insegurança, o medo, a dor.
Este mesmo tempo, apresenta-nos também os riscos.
Deixá-lo passar despreocupadamente pode transformá-lo no mais impiedoso inimigo.
Ele costuma correr e nem sempre espera por nós.
Pode me levar de ti. Trazer-te alguém. Podemos nos perder.
O tempo e os sentimentos. Dois aliados, que parecem zombar de nós.
Eles têm pressa, mas não mais que eu.
Quero me lançar, mergulhar, me entregar por inteiro.
Experimentar a sensação de amar como nunca antes.
Sem receios, sem consciência, sem amarras, sem limites.
Amar com a alma, com a mente, com o corpo e coração.
Tocar, arrepiar, beijar, sentir, explodir.

domingo, 22 de maio de 2011

Eu não tive escolha

Um amontoado de palavras que tentam expressar algo que não sei explicar.
É isso que vejo ao tentar escrever.
Talvez seja o retrato do meu estado hoje. Medo, incerteza, carência, vazio.
A esperança ainda me mantém erguida. Embora me sinta presa em um labirinto,
cada dia mais longe da saída. Sozinha e perdida dentro de mim.
A culpa é minha.Vacilei. Me deixei levar pelo sentimento.
Não podia ter descuidado. Sempre fui tão madura.
Estou agindo feito uma adolescente insegura e apaixonada.
Dizem que a vida é feita de escolhas. Sempre concordei, até conhecer você.
Eu não tive escolha. As coisas simplesmente aconteceram.
Olhei pra você e algo aqui dentro mudou. Quando vi já era tarde.
Eu estava envolvida demais para fingir que não houve nada.
Foi diferente, completamente diferente de tudo que já senti.
Agora estou aqui, com um sentimento que sequer consigo entender.
Pensei em largar tudo, me afastar e sumir definitivamente da sua vida.
Não consegui e talvez nunca consiga. Gosto de você e não pode mudar isso.
Eu não pude, ninguém pode. Você já está em mim. É tudo que sei.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Só...

Sinto-me tão só esta noite.
Este vento frio que avança em minha direção aumenta ainda mais a solidão.
Sinto sua falta. Muito mais do que gostaria de sentir.
Não importa. Nada mais parece importar, se é que já importou.
Tenho a impressão de que daqui por diante esta será a minha realidade.
Devo me acostumar a viver sem você?
É isso mesmo que quer? Porque isso não é o que eu quero.
Não pense que não tentei. Fiz tudo que pude, mas conclui que você
significa algo muito maior em minha vida.
Fecho os olhos e vejo você. Tudo me leva à você.
E pensar que podíamos estar aqui, juntos, entregues.
Olhar agora e só encontrar o vazio da sua ausência.
Estou só.
Perceber que não sou eu...
...eu quase acreditei.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Que seja...

Eu repetia que não choraria mais. Em meio aos soluções prometia a mim mesma
algo que seria incapaz de cumprir. É mais forte. Está além do meu querer.
Qual o problema? Sempre busquei algo incontrolável, imensurável.
Ele não sabe. Ou talvez já saiba. Fugiu do meu controle.
Deve saber, afinal, me conhece bem, lê o meu olhar.
Sutilmente, apresentou-me um sentimento que nunca antes experimentei.
Um desejo assim tão intenso é inédito neste coração sedento.
Sim, tenho sede dos beijos que ainda não provei.
Uma vontade inexplicável de sentir sua mão tocar meu rosto.
Logo ele que parece cada vez mais distante. Ele que é tão teimoso quanto eu.
Escolhemos caminhos diferentes, mas acabamos nos esbarrando pelo percurso.
Talvez não haja saída e nossas vidas estejam irremediavelmente ligadas.
E se estiverem, que fique ainda mais intenso e seja arrebatador.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Amnésia

Uma amnésia me cairia muito bem agora.
Esquecer-te seria a única atitude sensata que eu poderia ter.
Uma leve perda de memória não adiantaria. Apagar da minha vida
as marcas que deixou, só é possível com perda total de memória.
As palavras ecoam aos meus ouvidos ininterruptamente.
A cada lembrança sinto uma facada transpassar meu peito.
As perguntas sem respostas me torturam da pior maneira que existe.
Sinto-me uma verdadeira tola por ter acreditado que algo
tão improvável pudesse ser verdade.
Acreditei nos outros e em você. Fez-me pensar que eu significava algo.
As lágrimas que hoje molham meu rosto, marcam o chão no qual
estou deitada. O chão frio da mágoa e da desilusão.
Não tinha o direito de fazer isso. Não tinha!
Sempre soube qual é o meu maior temor.
Quando confiei em você, me traiu.
Ignorar-me agora mostra que a única coisa que quer
é me afastar definitivamente da sua vida.
Juro que não esquecerei cada lágrima que está me fazendo chorar.

sábado, 7 de maio de 2011

Sangrando

Uma noite. Mais uma noite que está começando.
Mais uma?
Não. Esta é diferente das outras.
Mais longa e penosa que todas as que já vivi.
Será outra noite que dormirei (ou tentarei dormir) abraçada à solidão.
Desta vez, mais só do que nunca.
Nesta não apenas as lágrimas molharão meu travesseiro.
Estou sangrando.
Arrancou o meu coração e deixou o vazio.
A ferida está aberta. Carne viva.
Mais viva que a minha vontade de compreender os motivos.
Sinto arder, o que prova que ainda existe algo aqui dentro.
Algo que já não sei dizer o que.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Morri!

Já sentiu vontade de gritar?
Eu preciso falar, berrar ou vou explodir.
Mas não vai adiantar. Nada mais adianta.
Palavra alguma conseguirá expressar o que sinto neste momento.
Seria capaz de escrever incontáveis páginas, mas não há enciclopédia
que defina tão bem esta dor que me consome.
Estou sem chão, sem voz, sem pele, sem coração.
Uma mentira bem contada. Uma ilusão. Um engano.
De nada adiantou tentar evitar. Neste momento sofro de uma maneira
tão incompreensível que chega a ser cruel.
Levou um sonho jamais vivido. Um desejo nunca saciado.
Há muito não tinha uma noita tão difícil, uma manhã tão escura,
um peso tão insuportável, uma verdade tão dolorosa.
Há muito não estava tão difícil respirar.
Tirou-me a inspiração, a essência, o lirismo.
Arrancou um pedaço de mim. Deixou apenas a sua presença.
A única coisa ainda viva, porque todo o resto se foi.
Estou morta.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Um motivo

Nem mesmo a pressão forte das mãos sobre o rosto pôde impedir
que as lágrimas escorressem por entre os dedos. Na medida em que
tentava segurar, maior ficava o nó na garganta. Estava prestes à sufocar.
O coração disparava e a cada segundo o ar ficava mais escasso.
É como se as mãos que escondiam meu rosto pudessem me esconder do mundo inteiro.
Não adiantava falar nada. Precisava fica sozinha, comigo mesma.
Busquei tantas respostas, tantas razões. Acabei perdida dentro de mim.
Só queria encontrar algo mais forte, um motivo para continuar acreditando.
Estava difícil demais. Abria os olhos, mas tudo o que via eram vultos.
Uma realidade distante demais do que desejava naquele momento.
As vozes chegavam a mim distorcidas. Talvez não quisesse ouvir mais nada.
Eu precisava de um tempo, mesmo sem querer esperar um único segundo.
Casada de conselhos e opiniões, precisava de algo concreto, palpável.
Minhas forças estavam no limite. Meu coração não suportava mais a dor.
Precisava de um motivo para não sumir,para não largar tudo, mas parece
que o ele me abandonou em meio ao turbilhão de sentimentos.
Tudo? Tudo o que? Não encontrei absolutamente nada. Ninguém.
Estava absolutamente só. Não encontrava ao meu lado quem eu mais queria.
Amor. O que é isso? Ele existe? Quantas perguntas sem resposta.
Não era uma decepção. Era apenas o vazio deixado pela inércia.
Saí. Pela última vez ouvi alguém que me disse: “Persevere. Não desista.
Até o menor sinal é um motivo para continuar. Não desista.”.
Eu estava muito fraca para falar. Chorava copiosamente e no mais profundo do meu íntimo
gritei por socorro. Um grito silencioso. Em meio a sussurros clamei:
“Senhor, olha para mim.”.
Com o rosto molhado, senti algo que me tranquilizou.
Não, eu não estava sozinha. O sentimento que parecia adormecido, despertou.
A chama outra vez se acendeu. Quero sentir, quero amar, quero viver.


“As vezes ouço passar o vento; e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido.”
(Fernado Pessoa)

terça-feira, 3 de maio de 2011

Sua menina

Eu posso ser o vento suave a tocar o teu rosto.
O calor que invade teus poros, fazendo suar tua pele e aquecendo todo o teu interior.
O mel mais doce que já provou, o prazer mais intenso,
a alegria interminável, o melhor de todos os beijos.
A parte que te falta, o vazio que te faz sentir solidão, a dor no peito, o teu desespero.
O fel que amarga a tua boca e faz gelar a tua alma.
Meu perfume te é necessário como o ar que respira.
Sou a flor mais bela do teu jardim, mas posso ser o espinho
que fere as tuas mãos quando não me acariciam.
Sou o teu sonho mais bonito, mas posso ser o teu pior pesadelo.
A lágrima que rola na tua face e molha o teu melhor sorriso.
A voz que sussurra ao teu ouvido.
Estou ao teu lado, dentro de você, sou um pedaço de ti, já sou parte vital.
Mas posso estar longe, inavistável e intocável.
Hoje posso ser a tua melhor amiga, confidente e cúmplice.
Daqui a pouco posso virar lembrança, saudade e vontade.
Sou o teu fogo, o teu desejo mais intenso, tua pressa, tua ansiedade.
Mas sou tua tranqüilidade, te acalmo, te faço bem.
Posso ser o que quiser. Ser tua por completo ou uma desconhecida.
Eu me adapto a você, ao teu jeito, ao teu amor.
Mas não me abandono, não deixo de ser como sou e é por isso que te atraio,
é por isso que você se encaixa tão perfeitamente em mim.
Uma menina, apenas isso. A menina que busca os teus carinhos.
Aquela mulher que invade as tuas noites de sono, te tira o ar
e te faz viajar mesmo depois de acordado.
O teu hoje, o teu querer, a tua realidade.
Sua menina.