"Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, se não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine."
(I Coríntios 13.1)


terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Sem querer

Não programamos nada
Foi acontecendo aos poucos, quase imperceptível
Me atrevo a dizer que fomos os últimos a notar
Estávamos tão distraídos que ao perceber já era tarde
Tarde para impedir a troca de olhares
A brincadeira fora de hora
A cumplicidade silenciosa
A necessidade mútua
A saudade perturbadora
O pensamento que, sem querer, me leva até você
Nos julgávamos tão espertos, não é?
Viramos reféns de nós mesmos
Vítimas de um sentimento forte e verdadeiro
Como sei disso?
Basta olhar para nós dois
Eu aqui e você aí
Tão longe e tão perto
Tudo aconteceu assim, naturalmente
Sem querer, acho que me apaixonei por você

domingo, 26 de dezembro de 2010

Não veio

Anoiteceu e você não veio
Vi o pôr-do-sol e esperei para ver você chegar
Não, não me disse que viria. É verdade
Mas algo dentro de mim teimava e me fazia acreditar
Acreditar que me ouviria chamar, mesmo sem dizer uma só palavra
Mentiu. Não você, mas essa paixão que agora arde aqui
Paixão tão incontrolável quanto a vontade de te ver
Tão grande quanto a falta que me faz
Completamente imprevisível
Impossível me defender de você
Te procuro em todos os lugares
Desejo ouvir a tua voz gritando no meu portão
Ver o teu nome aparecer no meu celular
Agora, daqui a pouco, no meio da noite, quando eu menos espero
Quanto mais nego, mais quero
Esperei, mas você não veio
E ainda que eu chame, não virá
A paixão me enganou, outra vez mentiu para mim

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Será

Eu só queria entender
Depois de tanto tempo, de tanta coisa
Assim, sem mais nem menos, chega e despeja tudo
E eu, que custei tanto a acreditar
Será mesmo verdade?
Agora estou aqui, sem saber o que represento para você
Um passado a ser recordado?
Um presente cada vez mais distante?
Alguém que veio, passou e deixará ir?
Eu fui, sou ou ainda serei?
Nunca entendi e continuo sem a resposta
Será que estou com medo de entender?
Será que você não soube explicar?
Será que continuo não enxergando o óbvio?
Se soubesse como desejei isso...
Não faz ideia de como é importante para mim
Estou confusa, perdida, sem saber em que acreditar
E você, onde está agora?
Por que não veio ficar comigo?
Será apenas um engano?
O que quer de mim?
Por que não vem me mostrar?
Seremos mais do que fomos até hoje?
O que somos afinal?
O que sou para você?
Será mesmo verdade?
Será ou nunca será?

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Agora

Largue agora o que está fazendo.
Não pense, não espere mais.
Pegue a chave do carro. Acelere.
Percorra todos os quilometros necessários.
Atravesse o mar se for preciso, mas tem que ser agora.
Os ponteiros do relógio não param.
As horas estão passando. Muitas já se passaram.
Estou aqui. Pronta. A sua espera.
Mas não até amanhã. Tem que ser agora.
Decida de uma vez.
Sei que quer tanto quanto eu.
Precisamos um do outro.
Nos completamos.
O que sentimos é muito forte.
Sei que me encontraria em qualquer lugar do mundo.
Eu te encontraria.
Já nos conhecemos e sabemos disso.
Há quanto tempo estamos esperando.
Acabe de uma vez com essa espera.
Vem agora.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Vai!

Vai logo! Sai!
Já chega de pretexto, de conversa fiada.
Pode ir!
Mas se quer ir, que vá agora.
Já perdemos tempo demais com tanta ladainha.
É, talvez não tenhamos perdido e sim ganhado.
Ganhamos experiência, ganhamos também feridas que demorarão muito para cicatrizar.
Feridas causadas por palavras, mas, principalmente, pela ausência delas.
Não falou, não agiu, me deixou apenas com suposições.
Mas não tem problema, vou ficar bem.
O que estou sentindo vai passar.
Não sei quando. Sei que vai demorar, mas um dia vai.
Vai, assim como você pretende ir agora.
Não precisava disso, mas você escolheu assim, então vai.
Você deve saber o que está fazendo, não é?
Não falarei mais nada. Se quer assim, assim será.
Você é um homem, certamente sabe o que é melhor para você.
Já era de se esperar por isso. Nunca ouvi nada de você.
Esperar uma atitude foi opção minha.
Então, pode ir e faça o que quer da sua vida.
Só não esqueça que um dia lembrará de mim, de nós.
E se decidir ir, não olhe para trás.
Não terá volta. Trancará definitivamente a porta.
Destruirá qualquer possibilidade.
Não me verá outra vez.
Não ouvirá mais a minha voz.
Não sentirá mais o meu cheiro.
Não terá minhas mãos.
Nunca mais estarei com você.
Você escolhe ir e de mim...
...terá apenas a lembrança daquilo que deixou para trás.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Desculpas

Não, não vou mentir
Sim, tenho medo, muito medo
Deixamos muita coisa passar
Chances de deixar rolar
Oportunidades que jamais voltarão
Por vezes estivemos prestes a agir
Nos seguramos nem sei ainda por qual motivo
A razão venceu o impulso
Sempre tínhamos uma desculpa preparada
Lembro perfeitamente de momentos únicos
Nos olhamos fundo revelando um ao outro o desejo mútuo
Ainda posso sentir o arrepio
Bastou um toque, leve. Você também sentiu
Evitamos muita aproximação física
Sabíamos que se nos aproximássemos muito seria inevitável
Impossível impedir. É muito mais forte que nós
Receio de acontecer e querer mais
Medo de ter e não saber ficar sem depois
O tempo passou e nós também
As desculpas nos impediram de fazer o que até agora queremos
Desculpas que nos afastam cada dia mais
Temo nunca acontecer e me perder completamente de você
Qual será a desculpa que inventaremos para nós mesmos?

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Negue

Negue
Mas negue agora, olhando nos meus olhos
Não fuja de mim
Não faça de conta que não é com você
Já chega disso tudo
Desculpas, disfarces, suposições
Negue que me quer
Negue que sente a minha falta
Quero ouvir da sua boca que sou indiferente
Que tudo não passou de uma brincadeira
Um engano, uma ilusão
Negue que lembra de mim
Negue que já passou noites em claro pensando em mim
Pensando em nós dois
Tentando entender o que acontece quando estamos juntos
Negue o vazio que sente quando não nos vemos
Negue o medo de me ver partir
Negue que o seu coração acelera quando eu chego
Que eu te deixo sem graça
Que sente ciúme quando alguém se aproxima
Negue essa sintonia que existe entre nós
Negue a vontade de me ver, de me tocar, de me beijar
Negue que precisamos um do outro
Negue que estamos apaixonados
Negue agora, olhando nos meus olhos
Negue e eu nego também

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Não me olhe mais

Por favor, não faz mais isso
Pare de me olhar como se quisesse o mesmo que eu
Não percebe que isso é injusto
Se não quer ou não sabe se quer, pare
Sabe o quanto é importante para mim
Então não torne as coisas mais difíceis do que já são
Passamos tanto tempo fugindo e fingindo
Não percebe que não adiantou nada
Nos perdemos dentro de nós
Perdemos o controle da situação
E vamos acabar nos perdendo um do outro
Não adianta mais esconder
Ninguém pode fazer por nós o que nos recusamos a fazer
Então não me recrimine quando eu for embora
Eu só quero ser feliz
Conhecer a tal felicidade que você não quer me mostrar
E se não quer mesmo, não continue alimentando minha ilusão
Me deixe ir e não sinta raiva depois
Esperei, espero, mas não sei até quando
Talvez eu vá e desta vez pode ser que eu não volte
Não me olhe mais
O seu olhar me deixa sem ação
Me inebria, me extasia, me encanta completamente
Vou guardar para sempre comigo
E mesmo querendo te ver me olhando
Por favor, pare e não me olhe mais

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Imaginação

Enfim o calor escaldante deu uma trégua
Um vento fresco invade a sala pela porta escancarada
Por mais que eu tente evitar não consigo
A imaginação me faz viajar
Para longe de tudo e de todos
Ou quase todos
É impossível imaginar qualquer coisa sem você
Um lugar deserto
Este mesmo vento
Uma rede
Eu e você
Descalços, correndo sem direção certa
Feito duas crianças, longe de qualquer receio
Sua mão me acariciando
Seus lábios me tocando
Seus olhos me estudando
Tudo perfeito, se não fosse só imaginação
O interfone me faz despertar de mais uma utopia
Cá estou eu, desejando ouvir sua voz ao telefone
Que só toca na minha fértil imaginação
Imaginação que me faz esperar e querer você cada dia mais
Você na minha porta, gritando o meu nome
Me levando contigo para tornar realidade tantas ilusões
Imaginação que insiste em me roubar a solidez do mundo real

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Juntos e sozinhos

Me dá a sua mão
Segure forte e não solte mais
Tão forte quanto o desejo que sentimos de viver isso
Tudo passa muito rápido
Tão rápido quanto as batidas do nosso coração agora
Esperamos tanto por isso
No fundo, sei que esperaríamos mais se fosse preciso
Mas para que esperar se estamos aqui
Um diante do outro
Juntos e sozinhos
Nossa única testemunha está ali
Imponente, linda e misteriosa
Iluminando a noite e compondo um cenário perfeito
Feche os olhos e não fale nada
Apenas sinta
Sinta o cheiro desta noite, misturado ao meu perfume
Que nunca esteve tão perto de você
Somos só nós e mais nada
Então não me deixe ir como das outras vezes
Sem ouvir você, sem sentir você
Me prenda em teus braços agora para não me perder
Faça esse momento valer para nós dois
Não me deixe escapar
Segure forte e não solte mais

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A vontade

Gritar, o mais alto possível.
Abrir a boca e fazer com que todos saibam.
Desengasgar.
Não percebe que isso tudo já não cola mais?
Fingir, despistar, omitir...
Quem estamos tentando enganar?
Eles? Não!
Apenas nós continuamos nos enganando.
Seguimos com a farsa.
Negamos com as palavras.
Admitimos com os olhos.
Você sabe.
Do mesmo jeito que eu sei.
Consegue ouvir?
A vontade não se cala mais.
Talvez a razão ainda nos mantenha com os pés no chão.
A briga entre o querer e o dever.
E nós dois torcendo por alguns momentos de insanidade.
Para tornar realidade nossos devaneios.
A vontade há tanto sufocada, já não cabe mais dentro de nós.
O esconderijo ficou pequeno comparado à sua intensidade.
Mas a nossa capacidade de dissimular ainda tenta se manter intacta.
Quanto tempo mais?
O suficiente para passar e levar todas as chances.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Um reflexo no espelho

Com os olhos fixos no espelho a imagem estava distorcida
O objeto parecia refletir o interior daquela que se colocava diante dele
Talvez a confusão de sentimentos estivesse mais evidente do que imaginava
Como ela desejava mudar a situação
Mas quando se deu conta do que acontecia
As mãos já estavam atadas e se viu impotente por completo
Perdeu muito tempo esperando pelo que não chegaria
Teme ter perdido também a chance de tentar por priorizar uma ilusão
A tentativa agora é outra
Precisa entender o que tanto busca
O que quer de fato e como quer
Sabe que não há perfeição e não almeja tanto
Se fosse perfeito não teria graça
Quer apenas sentir que é a prioridade
Que desperta mais do que um entusiasmo passageiro
Antes disso precisa de um tempo para si
Enxergar o que ouve dos outros, mas ainda não viu
Olhar e ver além do reflexo no espelho

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Segredos

Sempre tão bem escondidos.
Não os revelamos a ninguém.
Alguns, ousamos disfarçar para nós mesmo.
São como tesouros valiosos, muito bem guardados.
Eu tenho os meus. Você os seus.
Temos os nossos.
Aqueles que compartilhamos sem sequer abrir a boca.
Ninguém sabe. Todos desconfiam.
Você não me conta, mas eu sei detalhes.
Eu não falo, mas você sente.
Não revelaria, ainda que me perguntasse.
Prefiro que descubra sozinho, aos poucos.
Já dei pistas e os sinais são evidentes.
Junte as peças e chegará ao lugar em que queremos.
Esse mistério não é de todo ruim.
Conduz no ritmo certo cada pequena descoberta.
Um nós que insiste em permanecer oculto.
O segredo é nosso e ninguém precisa entender.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Um engano ou...

Não sei dizer por quanto tempo fiquei ali
Inerte, apenas olhando para o alto
Havia muitas estrelas no céu e o vento que batia no meu rosto aliviava a noite quente
Pensava em tantas coisas ao mesmo tempo
Inutilmente, tentava entender o que estava sentindo
Um alívio que no lugar da tranquilidade me proporcionava algo como decepção
Sempre acreditei tanto no olhar
Talvez por saber que meus olhos denunciam o que não falo
Agora foi diferente
Eu disse não. Recusei. Abri mão e...
E agora me sinto traída pelos seus olhos
Eles me enganaram tão bem
Você tentou e eu não quis
Mas tinha mais chance do que imaginava
Eu estava prestes à dizer sim, você disse não sem mencionar uma só palavra
Parecia diferente dos outros
Parece que me enganei
Continua a me investigar com os olhos, mas foge das possibilidades
Já não sei mais quem é você
Tudo parece confuso e bem armado
Você é um mistério ou quer apenas me deixar vulnerável
Talvez esteja esperando o momento certo, para não se precipitar como da outra vez
Ou se deu conta de que eu não importo tanto assim para você

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Passei

A noite começou a cobrir o céu azul.
De maneira sutil foi se derramando sobre as nuvens claras.
O pôr do sol está belíssimo hoje.
O vento suave sopra em meu rosto.
Um cenário quase perfeito.
O quase é culpa da sua ausência.
Já posso ver duas estrelas no céu, não muito distantes uma da outra.
Assim como nós dois. Tão perto e tão afastados.
Outro dia que passou.
Assim como eu.
Passei tão perto .
Você estava distraído e não percebeu.
Passei tão próximo.
Você estava ocupado demais para ver.
Passei e estou caminhando para longe.
Ainda não sentiu.
Passei como água por entre seus dedos.
Passei e você não me deixou ficar.
Um dia vai olhar e não estarei mais ao seu redor.
Procurará e me encontrará no passado.
Serei apenas a lembrança, daquela que desejará ter no presente, mas você deixou passar.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Seu par

O sol e o mar. O jardim e a flor. O poeta e o amor.
O sonho e a paixão. O preto e o branco. As estrelas e o luar.
A voz e o violão. A chuva e a canção.
Existem tantas combinações perfeitas. Parcerias indiscutivelmente harmoniosas.
Somos assim. Desde de que te vi pela primeira vez percebi.
Lutei, tentei fugir. Por um longo tempo consegui disfarçar.
Demonstrei indiferença, talvez até arrogância. Tudo para não ceder.
Procurei defeitos, neguei possibilidades e fazia o máximo para evitar uma aproximação.
Parece que todas as coisas conspiram contra a minha fuga e a favor de nós dois.
O tempo passa e cada dia mais vejo semelhanças, coincidências e ligações.
As vezes tenho a impressão de que nascemos um para o outro.
Não importa quantas vezes mais nos desencontraremos,
inevitavelmente temos uma história para escrever juntos.
Continuo evitando o mesmo caminho que você,
só para não notar o rubor da minha face ao me olhar.
Mas não nego ver você me olhar é a melhor sensação que tenho.
Quando estamos perto, sinto que queremos falar, nos tocar,
mas nos embaraçamos sem querer.
Não sei quanto tempo mais serei capaz de esperar.
Quantas paixões vou negar, esperando apenas o seu amor me alcançar.
Sei que existe algo muito forte entre nós. Inexplicável.
Você me faz esquecer todas as coisas. Me confunde e encanta.
Gosto do que sinto quando te vejo. Gosto da saudade do que nunca tive.
Nos completamos. Somos dois buscando em outros o que queremos um no outro.

domingo, 5 de setembro de 2010

Estou Aqui

Feche os olhos agora e ouça o barulho do silêncio.
Coloque aquela música que te faz viajar e escute bem alto.
Deite na varanda e perca a hora contando as estrelas.
Observe mais uma vez a lua linda e imponente.
Não espere para ver o sol se pôr depois de amanhã.
O tempo passa rápido demais.
Ontem estava em casa, brincando e imaginando um futuro que já chegou.
Não mudamos o que está feito, mas temos todos os dias, a cada amanhacer, a oportunidade de escrever as próximas páginas da nossa história.
Olhe para o lado. Deve haver alguém esperando há muito tempo que você repare.
Pense antes de falar, mas não se cale diante de um sentimento.
Demonstre o seu amor sem medo. Talvez a outra pessoa esteja esperando apenas um sinal.
Reflita sobre tudo o que já fez e o que deixou de fazer. Não espere mais para ser feliz.
Pare, olhe nos meus olhos e faça de conta que não existo se for capaz.
Eu não sou. Você existe para mim e amo isso.
Não percebeu ainda que nos completamos?
Sou uma menina ingênua que sonha todas as noites com o dia do nosso encontro.
Sonhe, acredite, lute, ouça, veja, ame!
Estou aqui. Ainda te espero.

sábado, 4 de setembro de 2010

Inspiração

Onde teria se escondido?
Há dias tento descobrir, mas a busca parece interminável.
Quanto mais me esforço, menos consigo. Isso é angustiante.
Já estava acostumada. Bastava um pedaço qualquer de papel e uma caneta.
Tudo o que sentia se materializava.
Meus medos, inseguranças, anseios, revoltas.
E agora, não consigo. É como se tivesse sido abandonada pela única coisa que ainda me pertencia.
Ela era minha e só minha. Ninguém podia tirá-la de mim. Pelo menos era o que eu pensava.
O carpinteiro precisa da madeira. O oleiro do barro. Eu da inspiração.
Todas as vezes em que não podia te ver, te tocar, te ouvir, te sentir, corria para ela.
Sempre encontrava consolo.
Não tenho você. Não tenho ela.
Parece que a levou consigo.
Longe. Está longe, mesmo tão perto.
Estou diante de você, mesmo fugindo tanto.
Continuo à sua espera. Nesse gostar profundo e silencioso.
Nesse segredo que só direi quando me perguntar.
Embora consiga ler no meu olhar, quando olhamos de maneira sutil e demorada um para o outro.
Enquanto não vem, preciso dela para suportar sua ausência.
Devolva-me a inspiração!

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Só Eu Sei

Quase sete da noite. Já estou na terceira estação desde que embarquei.
Os pensamentos estavam tão distantes que nem havia notado.
Há horas a dúvida persiste. Tentei me distrair, mas todas as coisas me levam à estaca zero.
Não sei paro logo ali ou se sigo viagem.
Quero te ver, mas será que é o melhor?
Meu coração dispara e aperta repetidas vezes. Não me preocupo. É normal. Desde pequena isso acontece, basta me ver diante de uma decisão.
Eu sei que nem imagina como me sinto agora. Sei também que não sabe o motivo.
Talvez nunca tenha demonstrado nada, pelo contrário, só me afastei de você.
Sei que não sabe o quanto te gosto. Se soubessse estaria comigo, tenho certeza.
Sei também que você não sabe o que quer, por isso, tantas buscas frustradas.
Não sabe quantas outras vezes já me enchi de esperança. Só eu sei como sofri depois.
Sei que não adianta dizer que desisti de te ter. Já tentei e não funcionou.
Sei que te esquecer seria muito bom, mas não sei quando esse sentimento vai me deixar.
Assim, prefiro acreditar e sonhar que virá.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Um Livre Coração

Ele não mede consequências. Não é racional. Não aprende com erros anteriores. Não obedece. Não pode ser dominado. Não gosta de se sentir aprisionado.
É livre e de tão livre se acorrenta aos seus impulsos.
Ilude-se facilmente. Basta um sorriso para ficar todo bobo.
Algumas poucas palavras o convencem daquilo que quer acreditar.
As tantas trocas de olhares, talvez insignificantes para o outro, o fazem crer que é correspondido.
Ele sonha todos os dias, todas as noites, todo minuto. Se engana a cada simples gesto.
É uma criança ingênua, que por mais avisada que seja, insiste em acreditar naquilo que deseja.
Agarra-se ao fio de esperança cada vez mais fino, insistindo no que parece cada dia mais difícil.
Quer desesperadamente expor tudo o que sente, mas teme a rejeição. Apavora-se ao imaginar que pode ser desprezado e virar motivo de gozação.
Se pudesse demonstrar o quanto está envolvido...
Se tivesse pelo menos um sinal de que também é correspondido...
Se sentisse que a única coisa que falta é a oportunidade, o momento certo...
Ah! Ele é livre e por ser livre tem o direito de sentir e deixar de sentir.
Apaixonar-se e magoar-se. Machucar-se e curar a ferida.
Sonhar, desejar e acreditar.
Ele é livre e por ser livre continua preso ao querer amar e encontrar o seu par.

domingo, 25 de julho de 2010

Pode sentir?

O silêncio seria absoluto, não fosse o vento que soprava em direção das árvores, fazendo as folhas se movimentarem como uma bela valsa.
A noite estava encantadora. Podia sentir o vento suave acariciar meu rosto. O cheiro da terra ficou mais intenso depois da chuva fina do começo da manhã.
Já havia perdido a noção do tempo que estava ali. Era quase fim de tarde quando deitei na grama para olhar o céu. O tempo passou e nem notei. Estava tão envolvida com a beleza do que via que desliguei completamente de qualquer outra coisa.
Vi o sol se pôr devagar, dando lugar à lua. Linda! Estava magnífca aquela noite. Um esplendor!
O azul delicado da bela tarde foi se misturando à escuridão que trazia consigo o começo de uma noite ímpar.
A sensação de paz que sentia era inexplicável. As estrelas produziam um efeito mágico, como se tivessem sido pintadas ao redor da lua pelo mais sensível artista. Refletiam um brilho intenso que iluminava a negra noite.
Fechei os olhos e respirei fundo. Senti algo diferente. Um outro perfume parecia se espalhar. Não acreditei. O encanto do ambiente certamente estava me fazendo imaginar coisas demais.
Permaneci com os olhos fechados, mas o aroma se intensificava. Senti algo delicado passear entre meus cabelos que estavam espalhados pela grama. Não resisti, abri os olhos e vi. Era você.
Estava ali, diante de mim. Foi o seu perfume que invadiu a noite. Foram seus dedos que deslizaram entre meus cabelos.
Me pegou pela mão, me levantou e me olhou profundamente, daquele jeito que só nós dois entendemos. Com a ponta do dedo acompanhou cada curva do meu rosto, se aproximando cada vez mais até tocar meus lábios. Mais uma vez nos olhamos e enfim nos rendemos ao sentimento há tanto tempo escondido. Um beijo longo e inimaginável.
Foi sublime, romântico, maravilhoso.
Nosso encontro imprevisível, transformando a esperança em realidade, no mais incrível cenário que pode existir.
Não sei quanto tempo ficamos ali. Só sei que ainda sinto você. Sei que está aqui. Eu estou aí. Sente?

sexta-feira, 11 de junho de 2010

A Ilusão

Hoje não encontrei estrelas no céu. A lua também se escondeu. Aqui do quarto posso ouvir a garoa fina que cai lá fora. Esse frio só aumenta o desejo de executar tudo o que planejei para nós.
Basta que eu feche os olhos para ver o seu rosto bem na minha frente. Te tenho gravado aqui. Não tem mais jeito. Você me ganhou.
Está tudo desenhado na minha cabeça. Como seria hoje, amanhã. Não depende de mim. Não mesmo.
É estranho o que sinto agora. Por mais que eu te queira neste momento, não estou amargurada. Talvez a ilusão seja a culpada por isso. Me faz acreditar que você também quer o mesmo, que tudo é uma questão de tempo. Mas que tempo? Não sei. Parece demorar tanto.
Não imagina o que tinha preparado para nós. Não faz ideia do quanto seria bom. Não sabe e nem vai saber. Não vou dizer. Só se você me perguntar e como não fará isso, continuaremos assim, como ontem, como hoje.
Em outra época me enganaria. Já dormiria imaginando como seria amanhã. Passaria o dia todo esperando por uma surpresa. Olhando pela janela para saber quando você chegaria e diria o que tanto quero ouvir. Hoje é diferente. Não estou esperando nada. Amanhã será um dia comum, como outro qualquer. Não vou te esperar. Sei que não virá.
O motivo é simples. Tudo não passou de uma ilusão. Até as coisas mais insignificantes que pareciam indicar alguma coisa, eram apenas aquilo que meus olhos queriam ver. Nada além disso.
É tudo muito claro. Para você não passo de uma pessoa comum. Não sou diferente. Sou apenas mais uma colega, amiga, conhecida... não sei. Caso contrário, não deixaria mais um dia passar.
Uma grande ilusão. Um sonho sonhado só. Não faz mal. Me permiti sonhar.
A ilusão é um dos ingredientes que fazem parte da paixão.

sábado, 5 de junho de 2010

Lágrimas

Parecem frágeis. Inofensivas. Insignificantes. Na verdade, sintetizam tantas coisas.
Não importa o momento, o lugar. Chegam sem pedir licença, demonstrando o quanto somos impotentes diante de algumas situações.
São a expressão máxima de um sentimento. A tradução do indescritível. Decoram rostos de alegria. Simbolizam momentos de felicidade. Formam sombras de decepção. Exprimem uma dor. Fazem parte de um amor.
Teimam em se exibir nas horas impróprias. São capazes de sufocar quando reprimidas.
Estão presentes quando olho ao redor e não vejo mais ninguém. Quando o sol se vai, dando lugar à escuridão da noite e a lua resolve se esconder. Com a aproximação do vendaval que invade o interior de um ser, trazendo o frio da solidão.
Aparecem ao notar que todos os esforços são vãos diante de uma recusa.
Foram testemunhas de momentos em que me escondi dos outros e até de mim mesma.
Evidenciaram minha fraqueza. Materializaram minha mágoa.
Estiveram comigo quando precisei de você e não estava. Me fizeram companhia, enquanto se distraía em outros lugares.
É a única coisa que restou do meu olhar a sua procura.
Externam o sentimento preso num coração fiel e não correspondido.
É a indignação por não ter você mesmo deixando isso tão claro.
Manifestam a raiva por não saber contra quem lutar por você.
É a tristeza por ser incapaz de entregar esse sentimento a quem tem tentado tanto.
Rolaram na noite passada, hoje ao amanhecer e aliviam o aperto que sinto agora enquanto escrevo essas linhas.

terça-feira, 1 de junho de 2010

É Simples. É Não!

O sono fugiu completamente. É incrível como isso está me perturbando.
Há quem diga que sou sonhadora demais. Sou mesmo, não nego.
Há os que reprovam minha postura. Não nasci para agradar a todos.
Não posso ficar com alguém por qualquer outro motivo que não seja um sentimento recíproco. Mais que isso, não quero.
É simples. É não! Não quero. Não gosto. Não consigo. Não vou aceitar.
Posso ser careta, antiquada, boba, mas esta sou eu. Sou assim e não sei se quero mudar.
Mudar para que? Agradar os outros? Não preciso agradar ninguém. Preciso estar feliz e fazer o que julgo melhor. Chega de ladainha!
Não basta que ele seja legal, cheio de qualidades. Ele não conseguiu fazer nada além de ganhar minha simpatia e se começar a pegar no meu pé vai perder até isso.
Não quero um gentleman. Quero um homem capaz de fazer eu me sentir uma adolescente. Dar gargalhadas dos papos mais absurdos. Brigar por me tratar feito uma criança. Me irritar por não fazer o que espero.
Desejo continuar sentindo o frio na barriga quando chega perto. Continuar corando as bochechas quando fala comigo. Continuar tremendo quando toca em mim.
Quer sentir meu coração disparar ao lembrar de você, como agora.
Não quero e não vou aceitar alguém que não me faz sentir isso. Não tem como substituir o que estou sentindo. Até agora, ninguém foi capaz de tirar o lugar que você ocupou.
Vou continuar te olhando e curtindo tudo o que acontece de mais bizarro entre nós.
Não quero e não vou tentar nada. Vou esperar as coisas acontecerem naturamente, como tem sido até aqui. Já evoluímos muito.
Não me importo com as críticas. Continuarei guiada pelo meu coração que, por enquanto, só quer você.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

A Chance

O telefone tocou. Hesitei. Olhei e não me movi. A insistência me venceu.
Há semanas percebia os olhares. Me sentia vigiada. Acredito que estivesse me investigando. Estudando uma abordagem sutil.
Minha distração preparou o terreno. Lá estava ele, diante de mim. Fazendo perguntas. Oferecendo ajuda. Procurando um jeito de ganhar confiança. Delicadamente me afastei, mas não foi o suficiente. Ele conseguiu um primeiro contato. Isso bastou para me encontrar em meio à multidão. Uma semana depois, apareceu já mais à vontade. Me cumprimentou como uma antiga amiga. Pediu para me fazer companhia. Aceitei.
Ele estava nervoso. Notei que tremia e ria timidamente. Conversamos um pouco. Rimos algumas vezes. Ações que se repetiram durante a ligação quase não atendida.
Ele quer sair. Quer me conhecer melhor. Temos coisas em comum. Ele é educado. Cavalheiro. Me achou incrível. Demonstrou um interesse maior do que eu imaginava.
Esperei tanto para ouvir isso. Sempre quis que me olhassem diferente, além do desejo. Ele me admirou.
Não fui dormir feliz.
Esperei, desejei, imaginei tudo isso, mas não com ele.
Hoje escutei que não me custa absolutamente nada dar uma chance. Ele tem qualidades interessantes. Talvez me conquiste. Uma chance. Só uma chance. Não para ele. Uma chance para mim.
Mas o que faço com esse sentimento aqui dentro? A esperança adiada faz adoecer o coração. Por que não agarrar essa oportunidade. Ele soube fazer isso.
Por que você sempre deixa a sua chance passar? Os sinais continuam incompreensíveis.
A dúvida permanece. Tenho a chance e não sei o que fazer com ela.

domingo, 23 de maio de 2010

Nossos Olhos

Podemos disfarçar. Temos nos saído muito bem nisso. A distância é nossa principal aliada. Nossos olhos é que podem nos fazer tropeçar.
Adoro seus olhos. Adoro a forma como me procuram e até o jeito como tentam fugir dos meus.
Quando se cruzam tudo para. As pessoas se calam, os ponteiros do relógio travam. Nos tornamos o centro.
São mais convincentes que qualquer palavra. Revelam nossos segredos. Externam nossos desejos. Desmentem nossas mentiras. Desfazem nosso cenário. Podem colocar tudo a perder.
Diante do seu poder somos incomparavelmente inferiores.
São capazes de nos levar para longe. Longe de nossa lógica tão bem preparada. Nos fazem viajar. Nos aproximam. Me levam para você e te trazem para dentro de mim.
Funcionam como um imã. No momento em que nos olhamos perdemos o controle de nossos atos.
Podem vencer nossa resistência, fazendo com que nos entreguemos ao que tanto queremos.
Nossos olhos nos entregam, nos iludem, nos encantam, nos apaixonam, nos tornam únicos.
Ninguém entende, só nós dois. Eles não são capazes de mentir, por isso gosto tanto. Nos vemos um no outro.
Me deixa te olhar. Olha para mim.

sábado, 22 de maio de 2010

Nosso Inexplicável Desencontro

Penso em você agora. Pensei em você o dia todo. Sonhei com você a noite passada, como nas anteriores. Por mais que eu negue, por mais que tente escapar, pareço estar presa em algo que está além da minha compreensão.
Tenho andado angustiada, tensa e a única coisa que faço é procurar desculpas para o verdadeiro motivo de tudo isso.
Eu juro que fiz de tudo para não me deixar levar desde o começo, mas não sou tão forte assim. Detesto demonstrar fraqueza. Odeio o fato de não conseguir mandar em mim mesma. Isso não é justo. Deveríamos ter o poder de escolher por quem vamos nos apaixonar, mas não é assim.
Já me iludi tanto, já me enganei tanto, sempre me afastei para evitar sofrer ainda mais. Talvez tenha errado. Fugir pode não ser a melhor maneira de evitar a dor.
Não entendo mais nada. Quando as coisas parecem caminhar, paramos tudo e nos afastamos inexplicavelmente. Tão inexplicável quanto a maneira como me interessei por você.
Será tão ridículo querer ser correspondida? Será tão absurdo esperar que alguém goste de você pelo que você é de verdade? Nunca quis ser mais uma na lista de alguém.
Estou muito longe da perfeição. Não quero ser modelo para ninguém. Tenho muitos defeitos, inseguranças e limitações, só não gosto de deixá-las tão evidentes.
Por que não tenho o direito de me irritar? Por que não posso chorar? Sou humana, sou uma mulher que sente as mesmas dores, vontades e medos de qualquer outra pessoa.
Não espere tanto de mim. Já basta o tanto que cobro de mim mesma.
Não estou desiludida, não estou sofrendo, não vou deprimir, nada disso. Este é apenas um momento em que sinto saudade daquele que nunca foi meu. Se me perguntar se será, responderei que não sei, não entendo e talvez nunca entenda. Não estou tão bem quanto gostaría, mas vai passar.
Vou dormir e, provavelmente, sonhar com você outra vez. Acordar e encarar mais um dia sem sua companhia. Resultado de sua escolha.
Amanhã começa tudo outra vez. Levanto e afirmo que farei tudo diferente, mas certamente continuarei esperando seu sinal.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Repara

A multidão parece aumentar sem que tenhamos tempo de notar. As pessoas passam por nós com uma pressa assustadora. As vozes se misturam aos barulhos dos carros, escutamos, mas não atentamos. Olhamos tudo ao mesmo tempo e nada observamos.
Preciso falar, mas não consigo juntas as palavras. A inspiração quer exclusividade. Talvez, por não ter dado atenção quando chegou, agora me escape dessa maneira.
Pode ser que eu esteja abrindo mão disso. Para que escrever? Para quem? A ninguém importa o que acontece aqui dentro. Escrever faz bem apenas para mim mesma, então por qual motivo preciso fazer isso de maneira que outros saibam?
Pode ser que seja o único momento em que me deixe levar pela coragem de dizer o que quero e o que sinto.
Isso é bom? Não sei. Mostro muito quem sou. Não sei se isso é bom. Não sei se quero que saibam.
Não posso escrever tudo o que quero. Não devo dizer quem eu quero. De que adiantaria?
Mas então por que não paro? Porque talvez eu queira que repare.
Olha, mas não encara. Investiga, mas não entende. Conquista, mas não percebe. Quer, mas não assume.
Repara que o tempo não espera. As coisas mudam e amanhã não estaremos mais aqui.
Posso partir sem planejar. Talvez demore para voltar ou nem volte.
Vou dormir para sonhar. Vai ver eu esteja sonhando acordada e vendo o que não existe.
Tenho prestado atenção demais em você. Posso parar e não querer mais reparar.
Pode ser que resolva me notar ou já note e eu só não reparei.
Posso compor uma canção só para você ou continuar assim apenas a escrever.

sábado, 8 de maio de 2010

Eu Te Amo!

Os pensamentos estavam longe. Por alguns minutos vi um filme passar diante dos meus olhos. Lembrei de tantas coisas. Tudo parecia tão real, tão recente. Chorei.
As lágrimas que rolam agora, são um misto de saudade e alegria.
Saudade daqueles que fizeram parte do passado e que contribuiram de alguma maneira para que chegássemos até aqui. Alguns já não estão mais entre nós e isso ainda dói.
Alegria por ver que ultrapassamos nossos limites e superamos o que parecia insuportável. Alegria por poder te abraçar agora e dizer o quanto eu preciso de você.
Não é necessário me conhecer muito para perceber o quanto gosto de falar de amor. O engraçado é que nem eu mesma sei explicar o motivo disso. Talvez por conhecer um amor de verdade, um amor capaz de enfrentar o mundo para proteger alguém, um amor único e seguro. É assim que me sinto quando estou perto de você.
Sabe aquele momento em que temos a impressão de que não suportaremos a carga? Aquela hora em que você faz uma burrada e se sente um perdedor? Aquele instante em que se dá conta de que dedicou tanto à alguém que não merecia e se sente um idiota por ter confiado?
Vivi todas essas experiências. Houve momentos em que senti vergonha de te olhar nos olhos por me sentir tão fraca, mesmo sem ter passado metade do que você passou na vida.
Lembro de um dia em que chorei tanto, me tranquei no quarto e pensei que nunca mais as coisas seriam como antes. Você entrou, me pegou pela mão, me abraçou e garantiu que seríamos felizes.
A sua confiança em mim faz com que eu acredite em mim mesma.
Por mais que eu tente dizer o quanto é importante para mim, nunca conseguirei expressar em palavras o tamanho disso. Quero te mostrar no dia a dia. Quero que sinta orgulho de mim. Quero te dar tudo o que merece e te fazer a pessoa mais feliz do mundo.
Talvez eu não consiga. Sou cheia de defeitos, sou pequena demais, mas quero que saiba que durante toda a minha vida farei o impossível para ser tão boa quanto você. Agradeço a Deus por sua vida.
Obrigada por estar ao meu lado sempre. Obrigada por não ter me deixado mesmo nos momentos em que eu não merecia ninguém por perto. Obrigada por entender o que eu quero, mesmo quando eu nego. Obrigada por ter me trazido ao mundo e me ensinado a ser quem sou. Obrigada por lutar por mim, por insistir. Obrigada por me devolver a fé quando eu já não acreditava em mais nada. Obrigada por seu amor, por sua amizade, por sua cumplicidade. Obrigada minha MÃE!
Obrigada por poder dizer, sem medo de me decepcionar: EU TE AMO!
*
OBS 1: Para aqueles que tem muitas queixas da galega aqui, existe uma culpada. Só estou por aqui causa dela. Briguem com ela!!!
*
OBS 2: Por que escrevi o texto agora se o Dia das Mães é amanhã? Porque sou avessa à imposições. Desde quando preciso de uma data específica para dizer que amo alguém? Quis fazê-lo agora e ponto. Esperar um minuto pode ser tarde demais. Decidi não desperdiçar nem um segundo mais. Talvez devessem pensar nisso também...rs.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Virando a Página

As brincadeiras inconsequentes. As gargalhadas fora de hora. O segredo revelado aos quatro ventos sem culpa. O abraço inesperado. O beijo roubado sem pudor.
Saudade de um tempo que nunca mais voltará! Fases que chegam, acontecem e vão discretamente.
A pureza do olhar que se perde ao enxergar a realidade de um mundo bem menos mágico que o esperado.
A coragem para fazer o que o coração mandar cede à razão, imposta pelo amadurecimento talvez mais rigoroso que o necessário.
O sentimento mais desejado pelo ser humano, reprimido pelo medo da não reciprocidade, adquirido depois de algumas feridas possivelmente não cicatrizadas.
Tudo parece tão complexo. Tudo parecia tão mais simples.
Os dias passam numa rapidez assustadora. Os planos feitos com antecedência perdem a hora. Com eles projetos são deixados para trás, esquecidos ou remarcados. Surgem novas promessas, novos prazos são estipulados e a incerteza da conclusão é o que acontece com maior frequência.
O mundo exige atenção, cuidado, desconfiança, prazeres momentâneos. Acabamos nos tornando egoístas e frios. Pensamos aproveitar tudo com intensidade e quando nos damos conta, tanto passou e sequer notamos.
Nos vestimos com uma armadura. Evitamos olhares, toques, palavras, pensando assim preservar um pouco a integridade. Talvez estejamos jogando fora a única chance de viver algo verdadeiro.
Preferimos a ilusão, a correr o risco de torná-la palpável. Só não entendemos que o amanhã poderá trazer o arrependimento de não ter lutado pelo que se queria de fato.
Há quem passe a vida toda a espera do amor e não o conheça jamais.
Há quem esteja diante dele e simplesmente não perceba.
Há quem o descubra, mas deixa que se perca, permanecendo a inércia.
O sol que brilhou durante todo o dia já se foi. O próximo jamais será igual. O que se deixou passar, passou. A noite trará a oportunidade de sonhar, desejar, pensar na maneira como temos escrito cada minuto de nossa existência.
A próxima página não será ditada por ninguém. Você tem o direito de fazer como quiser. Escolher suas prioridades. Agarrar a oportunidade ou vê-la se distanciar.
O passado jamais será alterado, remoê-lo não nos fará melhores. De que vale lamentar?
O presente está acontecendo. Torna-se passado num piscar de olhos.
O futuro nunca é certo, mas há tempo fazê-lo valer à pena.
Estou disposta a virar a página e começar algo novo. Ninguém pode fazer isso por mim. Serei obrigada a riscar algumas linhas, focar em outros pontos, abandonar certas esperas. Sei que não será fácil, mas não quero apenas suposições, preciso de algo concreto. Quero olhar nos olhos de alguém e ver meu reflexo dentro deles. Ser a protagonista de uma história. Quero viver e não apenas assistir ao espetáculo.

sábado, 1 de maio de 2010

O Frio

Meia-noite. Estou com frio. O vento gelado que passa pela fresta da porta não é o maior incômodo. Não quero mais blusas, não serão eficientes esta noite. Só uma coisa seria capaz de mudar isso.
O telefone tocou, não era você. No fundo eu já sabia, mas por que não me iludir um pouco?
Sinto-me no meio de um vendaval. Dúvidas, receios, ansiedade, carência, paixão, desejo. Uma mistura de emoções que me confundem. Ações que me aproximam e me afastam simultâneamente.
É incrível como é bom quando estou perto de você. Chega a ser assustador. Um medo bom que não quero parar de sentir.
Precisava do seu abraço agora, do calor da sua pele.
Fecho os olhos e sou capaz de sentir sua mão acariciando meu rosto, enquanto a outra me leva para junto de você. Nos olhamos fixamente. Respiramos tão perto um do outro que já não há possibilidade de distinguir entre o meu fôlego e o seu. Há uma sintonia inexplicável. Nos comunicamos sem trocar uma única palavra. Os segundos que antecedem o beijo tão desejado parecem eternos e tornam o sabor ainda melhor.
Abro os olhos e o frio aumentou. Tudo não passou de um delírio. O pior é saber que não precisava ser assim. É tão difícil compreender que a minha coragem só espera uma atitude sua?
Quer tanto quanto eu. Você tenta esconder, mas quando olho para você... vejo que lê nos meus olhos a mesma coisa que leio nos seus.
Estou mais perto do que imagina. Não me deixe escorrer como água por entre seus dedos.

sábado, 24 de abril de 2010

Foi Simples Assim

Aquele dia não sai da minha cabeça.
Passam meses e ainda sinto a sua mão me segurando com força. Fiquei imóvel, a respiração parou e as bochechas queimaram. Naquele momento pensei que me beijaria. Daquele dia em diante desejaria ardentemente que a cena se repetisse. Foi ali que vi que estava presa.
Precisei de alguns minutos para voltar e seguir meu caminho. Você me tirou do chão. Podia sentir seus lábios tocando meu rosto e sua mão me segurando. Aquela atitude simples e sem intenção alguma despertou em mim algo que não consigo explicar.
Não sei se ainda não percebeu ou simplesmente faz de conta que não é com você.
Fico sem ação ao seu lado. Quero chamar sua atenção e me embaraço completamente quando consigo. Quero te ver e mesmo que isso seja pouco, tenho uma sensação de alívio quando está chegando.
Ainda se sente só, eu sei. Ah! Se você deixar posso acabar com isso. Saio correndo agora só para ficar com você. Estarei sempre pronta para te puxar para mais perto.
Gosta de estar sob o controle não é? Talvez não esteja, assim como eu não estou. Algo mais forte do que nós dois está comandando agora.
Não troco isso por nada, nem por ninguém. Quero você. Aqui estou sonhando mais uma vez. Só precisava saber se também quer.
Enquanto você não vem, fecho os olhos e revejo a cena. Em câmera lenta assisto a maneira como me ganhou, me tocando e me tirando o ar.

É Tempo de Escolhas

Hoje acordei com mais preguiça que o normal. Chegando ao trabalho notei como estava entediada e logo pensei o quanto as horas demorariam para passar. Diferente dos outros dias da semana não fiz gracinhas, poupei as brincadeiras e economizei palavras. Completamente sem paciência evitava dar qualquer resposta com o único intuito de não ser grosseira. Mesmo assim ouvi a pergunta: Está triste hoje Ri?
Não, apenas concentrada. Tenho muitas coisas a fazer.
Este é de fato um problema. Não consigo esconder o que sinto. Os que convivem um pouco mais comigo, logo percebem que há algo errado. A loira palhaça do escritório, que enche a paciência de todos e adora arrancar um sorriso do rosto alheio, quieta demais é sinal de algo não está legal.
Na verdade não estava mesmo. Não está. Mas posso mudar isso, afinal, tenho o direito de escolher como quero ficar daqui para frente. Ainda tenho tempo de fazer alguma coisa.
Tempo. Há quanto tempo tenho esperado uma atitude? Quanto tempo não passei tentando mostrar o quanto é especial para mim? Tenho me perguntado se valeu a pena ou se apenas perdi meu tempo? Mesmo assim não me arrependo. Sei lá por qual motivo acredito em você e acreditei num nós que nunca existiu, e que agora parece estar ainda mais longe de existir.
A escolha não é só minha. Fiz minha parte, mas isso não foi o bastante para te convencer. Na verdade não escolhi te convencer, queria te conquistar, mas não resolveu.
Assim como eu, você é livre para fazer suas escolhas e tem deixado todas muito claras. Eu só não estava querendo enxergar. Como tantas outras vezes, esta é mais uma noite em que escolheu outra companhia. Espero que ela te complete de verdade. Espero que acorde bem amanhã, sem arrependimentos ou frustrações.
Não tenho mais tempo para te esperar. O tempo passa rápido demais. Não quero abrir os olhos amanhã e ver que deixei alguém que me valorizava passar só porque dedicava todo o meu tempo esperando você.
Lembrei muito dele hoje. Tantas vezes tentou se aproximar, procurou os mesmos lugares em que eu estava e fazia de tudo para chamar minha atenção. O que eu fiz? Fugi e nunca parei para conversar. Nunca lhe dei a chance de me mostrar quem era. Quanto tempo passou e ainda vejo me procurar. De maneira delicada me mostra que só depende de mim. Talvez ele me mostre que é bem melhor do que imaginava. Talvez me conquiste e me ensine o que é o amor de verdade.
Não consigo beijar uma pessoa sem que desperte algo em mim. Queria somente sua boca, mas hoje vejo que nem sequer nota minha presença. Talvez nunca tenha me visto como mulher.
Por que não deixá-lo pelo menos se aproximar? Para que continuar me esquivando sem nem conhecê-lo? Quanto tempo ainda esperaria sua entrada na minha vida?
Chega de sonhar! Chega de sonhar com você. Não pense que desisti. Só não quero mais "dar murros em ponta de faca". Tenho tanto medo de me envolver, me machucar ou machucar alguém que nem me permito ser levada por momentos que podem ser únicos.
Você escolhe a vida que quer levar. Eu escolho ter ao meu lado alguém que me quer de verdade. Não escolhi gostar de você, mesmo assim gosto, muito!
Só quero deixar claro que estou saindo da sua vida por uma escolha sua. Ainda tenho tempo de entrar na vida de alguém que está disposto a sonhar comigo e construir uma realidade mútua.

sábado, 17 de abril de 2010

Um Sinal

Um sinal. Só um sinal. Uma pequena dica. Algo sutil. Não precisa ser nada muito às claras, basta que eu entenda.
Essa dúvida me tortura. Demoro tanto para admitir que estou envolvida. Sempre tive tanto medo de mergulhar e bater a cabeça. Agora que sinto novamente um frio aqui na barriga, me deparo com esse ponto de interrogação.
Há tanto tempo não sentia isso que tenho até medo agora. Tenho pensado muito em você. Nunca imaginei que fosse possível. As horas demoram uma eternidade quando estamos longe. Quero te ver, mas quero mais que isso também. Não me pergunte o que está acontecendo que nem eu mesma entendo. Preciso de um tempo só. Só eu e você.
As coisas poderiam ser mais simples. Não são, e a culpa é apenas nossa. Complicamos sei lá por qual motivo, simplesmente tornamos tudo mais complexo.
A única coisa que tenho certeza hoje é que você mexeu de verdade comigo. É ridículo, mas perdi o foco, tenho agido como uma adolescente diante de você. Mas não se preocupe, vou dar um jeito nisso. Não quero mais chorar sozinha. Chega de comemorar minhas vitórias com sua ausência. Se não quer, me mostre isso também. Ao mesmo tempo em que parece desejar tanto quanto eu, faz questão de me ignorar e fingir que pouco importo para você. Ah, se soubesse como te gosto!
Não sei o que se passa aí, mas sei como estou aqui. Sei que hoje estou sentindo sua falta, mesmo sem nunca ter provado de fato sua companhia, mas o pouco de nós que compartilhamos me faz te querer cada dia mais.
Se me desse esse sinal, esperaria todo o tempo necessário. Ficaria aqui, só aguardando a hora de me lançar nos teus braços. Aproveitaria cada segundo dessa nossa paquera infantil. Por enquanto, os sinais têm apenas me confundido. Seus olhos me dizem sim, mas seu desdém me afasta. Sou paciente, mas não estou disposta a curtir isso sozinha. Me dei um prazo e vou seguir minha vida. Olhar ao redor e tentar enxergar além da sua sombra. Ela é única coisa que tenho agora.

A Nossa Utopia

Maduros! Como somos maduros! Respondemos prontamente tudo o que nos perguntam e quando nos sentimos investigados já preparamos a réplica. Falamos de diversos assuntos e demonstramos muita firmeza ao defender nosso ponto de vista. Quem olha, até acredita que não nos abalamos com essas coisas e parece que nada poderá nos estremecer.
Que tolice! Quem estamos tentando enganar? Somos frágeis. Por dentro dessa carcaça, mora uma criança imatura, que se sente completamente acuada diante dos primeiros sintomas.
É sempre assim. Falamos sobre ele, opinamos quando está relacionado aos nossos amigos, mas ao primeiro sinal de que está tentando entrar em nossas vidas... pronto, já damos um jeito de negar, disfarçar, fugir. Isso mesmo, essa é a palavra. É só ele chegar perto que pensamos na fuga. Como se fôssemos capazes de nos esconder de nós mesmos. Tentamos fugir dele e de nós, quando a única coisa que de fato queremos é grudar um no outro.
É engraçado como temos medo cometer os mesmos erros. Sabemos como machuca uma decepção e o quanto demora para curar algumas feridas. Assim, fazemos de tudo para evitar qualquer envolvimento e seguimos trancados em nosso mundinho, como se lá estivéssemos verdadeiramente protegidos. Será que estamos?
É isso mesmo. Por mais que tenhamos nos preparado, nunca estamos prontos. Esperamos para agir na hora certa, mas quem sabe qual é o relógio que devemos consultar? Fingimos estar bem sozinhos, mas só nós sabemos a falta que faz um carinho. Mesmo assim, preferimos esconder a verdade ou manter a nossa verdade, aquela que queremos que seja nossa.
Os dias passam e aqui permanecemos, aparentemente, imunes a esse sentimento que sequer tentamos experimentar. Seguimos com a chave nas mãos, preparados para trancar a porta cada vez que o coração disparar e assim voltar ao nosso mundo, onde mais uma vez vamos adormecer e sonhar com aquilo que mais desejamos.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Na Plataforma

O dia hoje foi lindo. O sol brilhou desde cedo e a temperatura permaneceu agradável até o começo da noite.
Estou no metrô e desta vez fui obrigada a dispensar a companhia do fone de ouvido. A bateria do celular está acabando e não posso ficar incomunicável. É, não havia pensado nisso antes, será que estou virando nomofóbica? Bom, não vou tentar descobrir isso agora.
Estou com sono, mas no lugar em que sentei não arrisco tirar um cochilo. Ficaria com a cabeça pendurada e balançando de um lado para o outro feito uma idiota.
Que falta sinto das minhas músicas. Ficar aqui, parando de estação em estação até chegar na terminal, sem fazer nada, é um tédio. Os trinta minutos parecem se multiplicar. Que horror!
O que fazer então?
Existem duas coisas que me fazem muito bem: cantar e escrever. Cantar aqui pode não ser uma boa ideia. Corro o risco de ser tirada do vagão à força e ainda ir parar num manicômio.
É, parece que o jeito é escrever ou, pelo menos, tentar.
Desde ontem sinto vontade de escrever, mas parece que não estou conseguindo juntar os pensamentos. Isso é péssimo! Deprimente.
Sobre o que poderia escrever? São tantas coisas que quero falar. Mais que isso, muitas preciso falar. A maioria não convem.
Podia falar dele. Têm várias coisas que poderia mencionar, afinal, ele é mesmo uma incógnita. Melhor manter o silêncio, pelo menos por enquanto.
Olha só, estou na penúltima estação. Vou parar por aqui. Falei tanto e não disse absolutamente nada. Embora isso fuja do meu controle, pois, a magia das palavras é exatamente essa, posso ter dito coisas muito importantes. Vai depender de quem ler.
Desembarco na próxima estação. Vou sair e olhar a lua. Adoro a lua. Deve estar esplêndida hoje. Quem sabe ela não me trará novidades esta noite?

sábado, 10 de abril de 2010

Só Nós

A chuva está fina. Daqui posso ouvir a água que escorre pelo vão entre a parede e a janela do meu quarto. Mesmo com tudo fechado o frio teima em entrar, congelando as pontas dos meus dedos. Meu cabelo ainda está molhado e as maçãs do rosto continuam avermelhadas em consequência do vento de poucos minutos atrás.
Tranco a porta e me permito esquecer todas as coisas que tenho pensado ultimamente, menos uma. Essa não consigo e, para falar a verdade, não quero esquecer. É isso mesmo, deixo do lado de fora o medo, inclusive aquele que me oprimia só de imaginar você ou sua falta. Quero sonhar com você. Te sentir bem perto de mim. Ouvir tua voz sussurrando ao meu ouvido palavras que ninguém poderá substituir, coisas nossas e de mais ninguém.
Já conseguiu perceber que nada pode ocupar o meu lugar? Ainda não? Não tem problema. Eu também demorei para notar que esse espaço aqui dentro é só teu. Agora que já sei, não vou mais me angustiar.
Não, não quero saber onde está agora. Talvez eu saiba. Ou não. Não sei. Não quero saber. Não tem importância. Sei que no fundo me queria aí com você, assim como eu te queria agora aqui comigo. Está sentindo minha falta como sinto a tua.
A noite não está bonita, mas poderia ficar se estivéssemos juntos. Vendo um filme, ouvindo uma música ou apenas te namorando. Não faz mal, eu sei esperar. Devo esperar. É melhor assim. Vai ser ainda melhor depois. Quando sentir suas mãos acompanhando cada detalhe do meu rosto, quando ver teus olhos me estudando, quando teus lábios tocarem os meus, quando não pudermos mais separar teu cheiro do meu... aí sim saberei que estamos prontos e nada mais poderá nos deter.
E vai ser assim, não haverá mais o você nem o eu, apenas o nós. Eu em você e você em mim.
A pressa passou. O medo não me controla mais. Quero muito ter você, mas não precisa mais ser agora. Será na hora certa. Decidi aproveitar cada segundo dessa espera pelo nós e aprender com ela. Assim, quando o nós não puder mais esperar estarei aqui só pra você.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

O Medo

Mas que droga! Eu não estou acreditando nisso. Como posso ser tão idiota? Não consigo enxergar as coisas que estão bem diante do meu nariz.
Estava comentando que as mudanças que aconteceram na minha vida nos últimos tempos foram boas, mas não, não foram. De que me adiantou lutar tanto para agora me deparar com essa confusão dentro de mim?
Disse que não iria mais chorar e olha só, aqui estou agora feito uma criança boba chorando por alguém que nem sei direito o que pensa da vida.
Detesto assumir carência. Odeio reconhecer que estou balançada por alguém. Deve ser o medo de outra vez me machucar. O maldito medo!
Queria muito ser diferente. Enfrentar minhas inseguranças e me lançar nesse sentimento que me tortura agora. Mas se faço isso, como fico depois? Posso sofrer muito mais. Já estou sofrendo.
Estou cansada de esperar. Estou exausta de sonhar com o momento em que verei você se entregando de coração, me roubando um beijo ou apenas me mostrando que quer tanto quanto eu.
Até quando vou me iludir? Quantas vezes se preocupou comigo? Quantas vezes me ouviu quando precisei? Quantas vezes pude sentir que tinha você ao meu lado?
Chega de criar expectativas. Na verdade não existe possibilidade de sua parte, apenas eu imaginei coisas e confundi tudo. Não vou mais acreditar nesse sonho imbecil. De que me adianta continuar?
Estou precisando de um choque de realidade. Enxergar as coisas como de fato são. Não vou mais querer só. Desisto de tentar entender. Quem sabe assim, dou uma chance a mim mesma.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Apenas saudade

O dia amanheceu tão frio quanto a noite de ontem. Esse clima de inverno em pleno outono, me deixa estranha. Essa manhã não me traria apenas o vento de mais um dia gelado, mas seria o cenário para que a dor da saudade viesse ainda com mais intensidade.
Hoje completa quatro anos que foi embora. Quatro longos e vazios anos. Sinto tanta falta do sorriso, dos sustos que levavá cada dez em que a surpreendia com um abraço, das gargalhadas pelas histórias malucas que contava... Sinto muita, mas muita saudade. Dessa vez parece que veio pra machucar de verdade.
Cresci em sua companhia, ouvindo suas experiências e aprendendo a cada novo dia. Foi com ela que entendi que vale à pena lutar pelo que se quer. Foi ela que me mostrou que nada é impossível.
Por muitos anos me senti muito excluída. Nunca ouvia um "eu também" depois de dizer "eu te amo". Raramente, recebia um abraço se não fosse buscar por conta própria. Nunca pensei que eu representasse alguma coisa. Até um dia me sentar ao seu lado no sofá e ouvir, exatamente com essas palavras: "Minha filha, escute o que eu te a dizer. Você vai ser muito, mas muito feliz. Você ainda vai rir de todas as dificuldades que enfrentou e vai fazer muita gente feliz. E tudo isso, só por merecimento. Você é linda, é esforçada, guerreira e ninguém vai te impedir de chegar onde só você deve chegar. A vovó nunca falou muito com você, mas sempre te amou e admirou demais.". Um abraço longo e demorado encerrou a cena.
Depois que nos afastamos pela primeira vez, ela me ligou e disse por telefone que me amava. Quando voltei às pressas, parecia que estava apenas me esperando. Foram vinte e quatro horas ao seu lado, até partir definitivamente.
Depois disso muitas pessoas me contaram que ela dizia que nunca se preocupou comigo, pois, sabia que eu tinha a cabeça no lugar e que eu não desistiria dos meus ideais. Outros precisavam mais dela do que eu. Eu era um motivo de orgulho.
O que ela não sabia é que eu precisava ouvir isso tudo da boca dela e que mesmo parecendo tão forte, algumas vezes me sentia tão fraca e só o que eu queria era um abraço.
Algumas vezes, na maioria, não basta saber que somos queridos, é preciso ouvir isso.
Para falar a verdade, nem eu sabia que a amava tanto. No fundo, havia um medo de amar e me sentir rejeitada. Já estava cansada disso.
Hoje chorei e ainda estou com vontade de chorar. O fato de saber que não voltarei a vê-la me causa uma dor terrível.
Queria mesmo é ter certeza que ela sabia do meu amor.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Só posso querer

Por mais que eu tenha tentado me manter superior a tudo isso, não consegui. Neste exato momento me sinto fraca, pequena e sozinha. Sabe quando parece estar completamente incapaz? Estou triste. Tenho vontade de chorar. Quer saber? Vou chorar. Quantas vezes não chorei e ninguém soube?
Queria muito saber que posso contar com você. Queria apertar sua mão agora. Queria encostar minha cabeça no teu colo e me sentir protegida. Queria olhar nos teus olhos e sentir que terei o teu olhar me cuidando todos os dias.
Queria, mas só posso querer.
Me pergunto, onde está você? Onde está o teu abraço que tanto preciso?
Olho ao redor tentando te ver, mas só enxergo o vazio deixado por tua ausência e o que sinto aqui dentro...
Não posso me queixar. Estou me convencendo de que você é apenas um personagem criado por um coração apaixonado. Você, sinceramente, não existe. Não está aqui. Se existisse deveria mostrar que mesmo longe está bem perto de mim. Mas não, não está e não faz a menor questão disso.
Foi mais um dia em precisei de você e sequer suspeitou. Não imagina a falta que me fez.
Parece que não aprendo mesmo. Sonhei tanto com você e ainda sonho, o problema é que vivo num mundo real demais. Amo demais sem nem ao menos saber quem é você. Isso mais parece loucura.
Queria você hoje. Queria você agora. Mas fazer o que se só posso querer? O ter depende de você.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Decepção

Não. A culpa não é sua. Na verdade a decepção não é provocada por ninguém, só por mim.
Você não prometeu nada, sequer disse algo que indicasse um envolvimento além do que já existe. Na realidade uma decepção nada mais é do que ilusões. Coisas que alguém espera de outra pessoa. Eu criei expectativas. Eu esperei uma atitude sua e a única que precisa agir aqui sou eu. Preciso parar de te olhar e imaginar como seria estar ao seu lado ocupando um lugar especial. Você não é obrigado a ser o que espero. Não é obrigado a nutrir o mesma coisa que eu.
O que sinto agora não é novidade, já senti antes e por mais que eu tentasse evitar, não pude. Outras vezes precisei lidar com isso e consegui. O meu coração está sufocado, como se algo o pressionasse reprimindo as batidas. É a sua ausência que oprime este sentimento que lutei tanto para impedir, mas não consegui.
Não sei o que me chamou a atenção. Não compreendo como consegue fazer isso. Chegou de repente e foi ganhando espaço. Conquistou um lugar e agora o que fica é esse vazio.
O momento em que te tenho mais perto é quando resolve perturbar meu sono. Aparece e diz exatamente o que quero ouvir. Outras apenas me olha e sorri, aquele sorriso que me deixa boba. Parece até de propósito. Deve ser de propósito. Depois se vai como normalmente acontece em nossos encontros acordada. Apenas vem e vai. Agora permanece a sua falta.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Uma Grande Mentira!

Queria você agora. Não posso esperar. Não quero mais esperar.
Quero sentir sua respiração. Quero te tocar. Quero o teu gosto na minha boca.
Não preciso dizer mais nada. Basta olhar nos meus olhos para ver o teu reflexo.
Quero você e sei que me quer também. Sinto isso. Não pode ser mais um engano. Dessa vez é diferente. Não?
Podemos negar, disfarçar, mas o nosso corpo, o nosso coração, nada sustenta a nossa farsa.
Fugimos dos olhares, evitamos nos tocar, mas ninguém é capaz de parar o que já está previsto.
Olho para você e me vejo em cada gesto. Estou longe e quero estar perto.
Ah! Para que perder tanto tempo enganando a nós mesmos?
Beija outra boca procurando o meu sabor. Se deixa abraçar querendo apenas os meus braços.
Tudo parece natural enquanto há distância entre nós, mas quando nossos olhos se cruzam todos os esforços são vãos. Algo dentro de nós parece gritar por liberdade.
Não sei onde está agora. Não sei quem te faz companhia. Só sei que eu sou a mais presente neste momento.
Podemos mudar o rumo disso hoje ou manter a mesma mentira que tem sido nossa principal espectadora.
Mentiras e mais mentiras. Quem está mentindo? Você? Nós? Ou apenas meu coração para mim mesma?
Quantas vezes mais vou permitir a mentira até te encontrar?

domingo, 28 de março de 2010

Aquela menina. Essa mulher.

Hoje parei por algum tempo e comecei pensar na vida. Na minha vida. Para falar a verdade, essa análise, se é que posso chamar assim, não começou hoje. Passei mais da metade da semana tentando entender tantas coisas. Coisas que desde pequena acredito e espero. Coisas que me falaram tantas vezes e nunca levei em consideração.
É, o tempo passa, algumas coisas se concretizaram e outras continuo esperando.
Espero demais. Descobri que por mais que eu odeie demonstrar fragilidade, por diversas vezes me olhei e só consegui ver uma menina carente, escondida numa mulher que diariamente luta para provar para os outros e, principalmente, para si mesma que é capaz daquilo que sempre duvidaram.
Aquela menina que se sentia rejeitada, que foi chamada de "ovelha negra" da família.
Aquela menina complexada, que era vista como a gordinha, pobre e CDF da turma.
Aquela menina insegura cresceu.
Muita coisa mudou. Hoje, aquelas que debochavam da pobretona da escola, que nunca ficava com ninguém, estão gordas, com filhos para criar e sozinhas. O que restou foram alguns apelidos pejorativos, colocados pelos bonitões que às endeusavam.
Aquela menina cresceu e se tornou uma mulher. Uma mulher que pensa ser corajosa, forte, sensata, mas que ainda guarda algumas coisas deixadas pela menina.
Essa mulher que ainda acredita que pode ser amada de verdade por um homem destemido, capaz de lutar pelo seu amor, até provar que pode salvá-la do mundo de ilusões em que vive.
Essa mulher que algumas vezes se sente pequena, por não conseguir enfrentar seus receios pelo simples medo de se decepcionar.
Essa mulher, que como aquela menina, detesta ser ignorada, mas não dá o braço a torcer de jeito nenhum.
Essa mulher que só precisa de um sinal para enxergar quem de fato merece sua atenção.
Essa mulher que no fundo ainda é apenas uma menina.

sábado, 20 de março de 2010

Mais, muito mais!

Há alguns dias completei 25 anos. Sempre ouvi das pessoas que aparentava mais idade do que minha carteira de identidade comprovava. Talvez a necessidade precoce de lidar com assuntos importantes, tenha feito a menina tímida e insegura amadurecer mais rápido.
Lembro bem das viagens no banco traseiro do carro ao lado de minha mãe. Representante comercial, precisava vender para ganhar. Quando minha avó podia, nos acompanhava. Eram os dias em que ficava no carro brincando, conversando, cantarolando. Outras vezes, sem minha companheira, o jeito era descer e entrar no cliente com minha mãe. Apertões nas bochechas, tapinhas na cabeça, dedos deslizando nos meus cabelos e eu vermelha de vergonha. Isso se a empresa permitisse a entrade de menores de 12 anos. Quando não, o jeito era esperar na portaria ou na recepção, com o funcionário ou funcionária tentando fazer amizade.
Com 9 anos ajudava minha mãe no restaurante do meu tio. Especializado em comida nordestina, adorava quando tinha baião de dois e Sprite gelada. Era o melhor momento do dia, pois, nos demais lá estava eu no caixa vendo um monte de homem babaca falando besteira. Tive uma professora que reclamou. Disse que eu era uma criança e que não devia estar trabalhando, mas tendo momentos de lazer quando não estava na escola. Fiquei com uma imensa vontade de perguntar se ela ia colocar comida na mesa de casa, mas ainda não tinha coragem de abrir a boca para nada.
Aos 11 anos trabalhamos numa sorveteria. Também ficava no caixa, mas ajudava na limpeza e no que precisasse. Podia escolher um doce ou um sorvete por dia. Sempre que me dava vontade de chorar lembrava do gosto e esquecia na hora. Ser criança é mesmo maravilhoso!
Só aos 14 comecei a trabalhar de verdade, cumprindo carga horária e tudo mais. Tive que mudar de escola e de período. Seria o início do ensino médio, à noite, o que significa três anos sem professor, mas isso não vem ao caso.
Enfim, nunca precisei de homem para nada. Só lembrava que não tinha pai quando alguém me perguntava alguma coisa. Aprendi com minha mãe, uma mulher de verdade, que quando temos fé em Deus e lutamos pelo que queremos o percurso sempre parece mais curto, mesmo com os tombos pelo caminho.
Então, só queria entender por que tenho ouvido tanta coisa do tipo: "Nossa, mas você é tão linda, como pode estar sozinha?". "Ai, você só trabalha e estuda, precisa arrumar um namorado para se distrair!". "Hum... está na hora de arrumar alguém hein... daqui a pouco chega aos 30...".
Alguém pode me responder, desde quando ter um ser do sexo masculino faz de uma mulher uma pessoa mais realizada?
Ótimo! Concordo que é maravilhoso ter alguém ao seu lado, para beijar, abraçar, fungar. Mas quem disse que esse é o único jeito de uma mulher ser feliz?
Conheço várias que tem um ao lado e são completamente mal amadas.
É claro que sinto falta de alguém, não vou ser hipócrita e dizer que não, mas quero mais que um namorado. Não quero apenas um cara para andar de mãos dadas comigo. Alguém que goste de ir aos lugares e me exibir como um prêmio.
Quero um homem de verdade. Que me escute quando preciso falar, que prefira ficar em casa comigo a sair com os amigos, que me admire e não apenas tenha atração por mim. Quero mais.
Não pense que quero um homem perfeito. Não mesmo. Além de não existir, se isso fosse possível, não teria graça.
Quero sim encontrar alguém. Viver momentos especiais, dividir meu dia-a-dia, compartilhar meus sonhos, brigar, sentir ciúme, fazer as pazes, me diveritir... viver.
Viver de verdade e não fingir uma vida. Por isso, penso tanto, espero tanto. Quero tanto. Pode ser que ele esteja perto e ainda não notei ou, quem sabe, ele ainda não me mostrou.
Quero mais, muito mais. Mereço mais e posso ser mais, mais especial do que imagina.

quinta-feira, 18 de março de 2010

O sabor que não conheço

Os dias passam. Trabalho normalmente e sigo minha rotina como se todas as coisas estivessem no lugar. E estariam, não fosse a falta que sinto do abraço que nunca recebi.
Como entender o que acontece? Como aconteceu?
Sinto seu cheiro mesmo se nunca ter se aproximado o suficiente para se misturar ao meu.
Quando as coisas parecem começar a se ajeitar, nos afastamos inexplicavelmente.
Procuro um sentido para entender o que você causa em mim. A busca é inútil.
Tenha uma vontade incompreensível de te tocar, te beijar... Não preciso dizer, afinal, meus olhos me entregam, mesmo tentando disfarçar.
As vezes penso que não deve acontecer. O tempo vai passar e certamente conseguirei me livrar desse sentimento que despertou em mim.
Talvez assim seja mais fácil, a dor não seja tão intensa. Não terei provado teus carinhos. Não conhecerei teu gosto.
Viverei das lembranças de fatos que só em meus sonhos existiram.
Momentos em que tive você tão perto, mesmo tão longe.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Um conto de amor de uma amante sem um amor

Um homem e uma mulher. Pensamentos e vidas completamente distintas. Ele sempre cercado de amigos e oportunidades, nenhuma pretensão além de diversão sem compromisso. Ela sempre fechada no seu mundo, sonhadora e romântica, que mesmo sem assumir, vive à espera do prínicipe que a fará sentir-se única e insubstituível.
De repente, quando menos se espera, por algum motivo, com ou sem explicação, vão parar no mesmo lugar. A aproximação é questão de tempo. O primeiro olhar talvez não tenha levantado suspeita ou, quem sabe, seja ele o culpado de tudo. Algumas poucas palavras trocadas, sorrisos sem graça e rostos com um rubor que revela em silêncio o que a voz não pronuncia. Encontros e desencontros. Momentos em que a falta de atitude, frustra a esperança. A saudade que aparece minutos depois da despedida, contradizendo a razão, convencendo de que nem tudo está sob o nosso controle.
Um dia ou uma noite, quente ou fria, ouvindo uma música ou o canto dos pássaros, os olhos param um no outro, o mundo se cala, permitindo apenas que a respiração do outro seja ouvida, como se estivessem hipnotizados vão se aproximando vagarosamente, os lábios se tocam e nada mais pode impedir a manifestação do sentimento há tempo tanto reprimido. A história começou e jamais as coisas serão como antes.
As ligações pela manhã apenas para desejar um bom dia, os sanduíches inventados de última hora, a bagunça na cozinha, o banho de chuva que mais parece coisa de criança, o mesmo filme assistido tantas vezes, a música que virou trilha sonora do casal, as brigas por ciúmes, o pedido de desculpa, as flores oferecidas e recebidas, as piadas sem graça que arrancam gargalhadas, o aperto forte das mãos com os dedos entrelaçados, a lágrima acolhida ao escorrer do rosto, o abraço protetor, o coração a mil hora, algo que parece amor e se for talvez seja pra sempre.
Os dias passam. Em alguns, o sentimento parece fortalecido, em outros, os dois distantes. O tempo vai mostrando melhor um pouco mais do outro, fazendo com que cada um conheça melhor a si mesmo. As diferenças por vezes causam espanto, na maioria os aproximam, descobrindo que tudo é uma questão de adaptação e respeito. Os momentos difíceis testam as promessas, a superação demonstra o poder de estar cada vez mais próximo. Os planos são o primeiro passo de uma longa jornada. A conquista, a consequência de caminhar acreditando que nenhum caminho é tão longo quanto parece. O sonho nunca realizado, se sonhado a dois, terá valido à pena.
Acordar e ver ele sentado na cama só olhando e dizendo que é linda mesmo toda descabelada. Ser abraçada e sentir ele cheirar seu pescoço e elogiar seu perfume mesmo sem estar usando nenhuma fragrância. Ver ele engolir seco de ciúme ao ver um outro homem te olhar mesmo depois de muito tempo juntos. Deitar no chão e ficar olhando as estrelas até assisitr o nascer do sol. Sentir que ele te olha com admiração. Ouvir "eu te amo" no momento mais absurdo. Sentir que é amada incondicionalmente.
O castelo não existe. A madrasta não tem nome. O príncipe encantado só está nos contos de fadas. O sentimento que gera as histórias das princesas deve existir em algum lugar. Viver um grande amor é muito difícil, acredito que muitas pessoas passam pela vida e se vão sem sentí-lo. Pode ser apenas ilusão, mas prefiro acreditar e esperar a hora da minha história ser escrita.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Há algo de desafinado na canção

Era mais um dia em que ela chegava em casa, exausta pelo excesso de trabalho e pelo calor escaldante. Diferente dos demais, nesse final de tarde não cantarolava pela casa nem comentava os acontecimentos da empresa, queria somente seu sempre desejado banho frio e um lugar para encostar a cabeça, que latejava desde cedo.
Há algum tempo queria escrever, mas não conseguia, parece que a inspiração se escondia, causando certa inveja, afinal, era exatamente o que queria fazer, contudo, o máximo que conseguia era ficar ainda mais perdida dentro de si mesma.
Se as letras lhe escapavam, focava então nas notas, porém, iniciava uma canção e não chegava ao final. Parece que não estava se concentrando mesmo. Era melhor só ouvir e ensaiar apenas os ouvidos.
Perguntas sem respostas, olhares não correspondidos, dúvidas e mais dúvidas. Aquela garota independente, detestava a ideia de estar apaixonada. Queria manter o controle de si mesma e se irritava por ver que não podia mais impedir o que há tanto negava. Por mais que tentasse disfarçar, suas mãos trêmulas desobedeciam.
O telefone tocava, ao atender ouvia uma voz que não queria. Olhava ao redor e via tanta gente, alguns disputando sua atenção, menos aquele fazia desandar seu coração.
Não quer chorar. Não quer e não vai. O que adiantaria? As lágrimas não o trariam, nem arrancariam de dentro dela aquele sentimento.
Ela só queria amar alguém que a amasse, então, para que se iludir com alguém que nem a notava?
Ela só queria que ele entendesse que por mais marrenta que pareça, na verdade, carrega dentro de si, uma menina frágil, que espera um abraço e um olhar que somente os seus olhos poderão dar.
Enquanto finge que nada de diferente acontece em seu coração, tem a companhia das melodias e das linhas que ainda consegue escrever.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Um passeio feminino pelo masculino

Seis e quinze da manhã, o celular desperta. Já é possível ver os riscos do sol rabiscados na parede do quarto. Os olhos insistem em permanecer cerrados. O corpo mole teima em se erguer. Não há alternativa. É hora de começar mais um dia. A temperatura deve estar rodeando os vinte e cinco graus. Nada pode ser mais agradável e revigorante do que uma ducha gelada. O cheiro do café toma conta da casa. Mais alguns minutos e estarei pronta. Sete e quinze, monto na bicicleta. Fecho os olhos e a sensação de liberdade é tão real quanto o vento que esvoaça meus cabelos. A terra molhada pelo orvalho exala um perfume encantador, capaz de provocar instantes de paz, como se a vida fosse delicada como os pequenos detalhes perceptíveis apenas com uma porção de sensibilidade.
Dobro a esquina e já posso ver a movimentação. A loja está aberta. Todos estão entrando e tomando suas posições. Antes mesmo de adentrar totalmente, a realidade me diz bom dia. Os pássaros calam-se e toda a área é tomada por gargalhadas e palavrões. A fragrância inebriante de minutos se perde entre os corredores e o que sinto agora é apenas o odor natural da borracha. Não, ao contrário do que pensam, não há nenhuma discussão que explique as gargalhadas ou palavrões. Nem me refiro a um ambiente de reciclagem quando menciono o fedor que vem do estoque. É simples, este é o meu trabalho. Sou vendedora de auto peças e o forte da empresa são borrachas automotivas.
O telefone toca, antes mesmo de terminar a frase decorada que faz parte de minhas funções, sou interrompida por um chucro mandando-me passar a ligação para um vendedor. Com toda educação que disponho respondo prontamente:
- Sim, pode falar.
Uma risada irônica antecede as palavras vomitadas:
- Você é surda minha querida? Quero falar com um vendedor.
Minha mãe me ensinou que devo respeitar a todas as pessoas. A vida me ensinou que minha educação corresponde à que recebo de cada um. Assim, resta-me dizer:
- Não, não sou surda senhor, pelo contrário, me parece que o senhor é que não compreendeu. Sou vendedora, então, em que posso ajudar?
- E desde quando mulher entende de carro?
- Não estou aqui para lhe responder esta pergunta, mas por que não tenta?
Toques estéricos de telefone, homens suados e fedidos fazendo cantadas que causam náusea, sim, pois, são poucas as criaturas do sexo masculino que se portam com hombridade. Esse é só o começo de mais um dia útil em minha vida.
Os ponteiros do relógio parecem passear sem pressa, como se zombassem de mim. Sabe que até fico feliz quando chega um mecânico com uma sacola cheia de mangueiras de radiador, filtro de ar ou tampa de válvula, sem descrição exata, assim me perco entre as prateleiras procurando semelhanças para adaptar. Quando volto ao escritório, me sinto vingada, os ponteiros parecem ter corrido e a hora de voltar para casa está próxima.
São tantos os "causos". Coisas que mais parecem piada. Não daria para contar, levaria muito tempo.
Volto para casa sonhando com o chuveiro gelado. O perfume da terra já não consigo sentir, o da borracha parece querer dominar, assim como os cliente que atendo no balcão.
A estrela que desenha meu quarto só voltará daqui a algumas horas. Por enquanto, deu lugar à lua. A lua, como me encanta! Seu brilho parece envolver todo o quarto, embalando meu sono.
Por que é tão difícil dividir o mesmo espaço e admitir a igualdade? A natureza faz isso. Há o tempo do sol e o da lua. Há o tempo da junção dos dois, o que torna tudo mais intenso. O perigo está em lutar contra isso, pois, no momento em que ocorre a união de ambos, o mais suave dos dois, toma à frente mostrando a sua força.

domingo, 10 de janeiro de 2010

"To nem aí"

Rebelde, malcriada, grosseira! Pode mencionar o adjetivo que quiser, pouco me importo. Para falar a verdade, não estou "nem aí".
Não vou negar que algumas vezes sinto uma imensa saudade da minha infância. Como era bom deitar sem me preocupar com nada, acordar quando tinha vontade, sorrir e chorar sem ter que explicar o motivo de nada, desfrutar da mais real sinceridade que só uma criança consegue.
Por mais que eu tente me acostumar, não dá. Está cada vez mais difícil conviver com a hipocrisia das pessoas. Como alguém pode falar de verdade e viver fingindo ser o que não é?
É de embrulhar o estômago conviver com sorrisos falsos, receber abraços forçados, ganhar beijos de "Judas". Se não tem o que fazer, vá procurar alguém para encher e esqueça que existo!
Não entendo qual o real motivo que faz com que adule alguém que no fundo quer ver pelas costas.
Por muito tempo medi palavras, algumas vezes, ainda me pego caindo nesse mesmo erro. Sim, medir palavras é um grande equívoco, pois, ao tentar manter a "política da boa vizinhança", sem perceber, acabo praticando a mesma falsidade que tanto abomino.
A cada dia é preciso descobrir um novo jeito de se defender dos lobos que rodeiam essa terra de farsantes. As pessoas te cumprimentam, te elogiam, te convencem que são grandes amigos. Você é uma pessoa maravilhosa, até discordar de qualquer coisa. Na realidade, o que estão esperando é ver um pequeno deslize, qualquer coisa que possam usar para jogar na sua cara e vir dar lição de moral. Você acerta o tempo tempo, mas qualquer besteira é motivo.
Quer agradar? Seja um bonequinho que repete as palavras desses demagogos, exale o mesmo perfume azedo e viva sentindo o gosto amargo de falta de personalidade.
Não posso terminar sem mencionar a frase que melhor traduz a sociedade em que vivemos: "Oh! Que formosa aparência tem a falsidade!". É, parece que desde os tempos de Shakespeare já era preciso engolir sapos.

Outra vez

Os dentes estavam tricados. Eu fazia uma força imensa para não deixar ninguém notar. Não podia piscar, pois, qualquer pequeno movimento faria meu coração externar através de lágrimas uma dor que já não estava conseguindo suportar. Era um misto de raiva, mágoa e decepção. Não podiam falar comigo daquele jeito. Não era justo. Segurei, respirei e quando parecia ter passado, me dei conta de que outra vez você não estava ali. Procurei sua mão, mas nada encontrei. Olhei o celular e não havia ligação perdida, sequer uma mensagem.
Não conseguia entender como aquela situação imbecil pôde me abalar tanto, foi só mais um momento em que acreditei em pessoas que pareciam amigas, mas não eram. Na verdade, o que mais me incomodava era o fato de ver que outra vez eu estava sem você.
Entrei no carro e não pude me conter, as lágrimas rolaram. Ninguém me machucou mais do que você. Não queria pedidos de desculpas, não queria amigos para me consolar. Eu só queria sentir os seus braços me apertarem forte, como se pudessem me proteger do mundo. Eu só queria sentir sua respiração e ver seu olhar olhando pra mim.
Eu chorava muito e outra vez você não estava ali para enxugar minhas lágrimas.
Que tolice! Já devia estar acostumada, esse foi só mais um dia em que precisei de você e outra vez não estava.
Posso perdoar os idiotas que me incomodaram, posso acreditar em outras pessoas, posso me decepcionar de novo, nada é tão difícil que eu não possa tentar.
Poderei perdoar os dias em que passei sem você antes de te conhecer, mas não poderei perdoar sua omissão, não poderei perdoar sua covardia, não poderei perdoar o fato de outra vez te querer e não te ter, não perdoarei outra vez ficar sem você.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Gotas...

Os carros passam em alta velocidade, cada um seguindo um destino diferente, carregando seres desconhecidos e tão parecidos. O ponto de partida é tão individual, o destino previamente planejado não passa de um anônimo. As estradas se transformam em passarela, onde sonhos e anseios levam alguém a algum lugar.
Calor, sol, verão, uma combinação perfeita para novas apostas e, quem sabe, a realização de projetos. Não importa o lugar, litoral, interior, grandes centros urbanos, o foco é acreditar que tudo será melhor e que dessa vez a sorte vai mostrar o rosto. Tudo tão perfeito, lindo e surpreendente.
A poética chuva de verão caiu, lavou e apagou. Transbordou rios, derrubou árvores, arrastou paredes, riscou cidades do mapa.
Gotas que trouxeram dor, choro, desespero. Gotas que levaram pais, mães, maridos, esposas, filhos, irmãos, amigos, amores, histórias, vidas. Gotas que deixarão perguntas, dúvidas, arrependimentos, palavras não ditas, palavras mal ditas, saudade.
É tudo tão depressa. Os dias passam quase imperceptíveis, simplesmente começam e passam, quando notamos já aconteceu e nem vimos. Provavelmente, alguma coisa nos chamou a atenção ou foi apenas distração. Quantos já não passaram? Quantos abraços deixaram de ser dados? Quantos beijos já foram engolidos por algum receio? Quantos medos impediram declarações? Quantas palavras ficaram entre os dentes? Quantas coisas já escorreram entre os dedos?
Por que fechamos os olhos? Por que tapamos os ouvidos? Por que emudecemos a voz? Por que desaceleramos o coração?
Podemos fazer as coisas diferentes, só quem nos impede somos nós mesmos. Mas o tempo, esse é um mistério. Qual é o tempo que temos para viver? Ninguém pode responder. A receita não é correr para fazer tudo de uma vez, apenas deixar a vida acontecer e sentir o gosto de cada segundo. Saborear cada beijo, sentir o cheiro da pessoa amada, retribuir o abraço com força, olhar fundo nos olhos, um olhar pode falar muito mais que as palavras, pedir perdão e perdoar, aos outros e a si mesmo, dizer Eu Te Amo, agora, daqui a cinco minutos e quantas vezes desejar.
Existem vozes que se calaram e nunca mais serão ouvidas, sorrisos cobertos que não serão mais vistos, olhares que nunca mais brilharão.
Gotas da chuva se converteram em gotas de lágrimas que agora molham muitos rostos.
Não assista, participe! Não espere as chances se esgotarem, faça cada suspiro valer a pena.