"Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, se não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine."
(I Coríntios 13.1)


segunda-feira, 31 de maio de 2010

A Chance

O telefone tocou. Hesitei. Olhei e não me movi. A insistência me venceu.
Há semanas percebia os olhares. Me sentia vigiada. Acredito que estivesse me investigando. Estudando uma abordagem sutil.
Minha distração preparou o terreno. Lá estava ele, diante de mim. Fazendo perguntas. Oferecendo ajuda. Procurando um jeito de ganhar confiança. Delicadamente me afastei, mas não foi o suficiente. Ele conseguiu um primeiro contato. Isso bastou para me encontrar em meio à multidão. Uma semana depois, apareceu já mais à vontade. Me cumprimentou como uma antiga amiga. Pediu para me fazer companhia. Aceitei.
Ele estava nervoso. Notei que tremia e ria timidamente. Conversamos um pouco. Rimos algumas vezes. Ações que se repetiram durante a ligação quase não atendida.
Ele quer sair. Quer me conhecer melhor. Temos coisas em comum. Ele é educado. Cavalheiro. Me achou incrível. Demonstrou um interesse maior do que eu imaginava.
Esperei tanto para ouvir isso. Sempre quis que me olhassem diferente, além do desejo. Ele me admirou.
Não fui dormir feliz.
Esperei, desejei, imaginei tudo isso, mas não com ele.
Hoje escutei que não me custa absolutamente nada dar uma chance. Ele tem qualidades interessantes. Talvez me conquiste. Uma chance. Só uma chance. Não para ele. Uma chance para mim.
Mas o que faço com esse sentimento aqui dentro? A esperança adiada faz adoecer o coração. Por que não agarrar essa oportunidade. Ele soube fazer isso.
Por que você sempre deixa a sua chance passar? Os sinais continuam incompreensíveis.
A dúvida permanece. Tenho a chance e não sei o que fazer com ela.

domingo, 23 de maio de 2010

Nossos Olhos

Podemos disfarçar. Temos nos saído muito bem nisso. A distância é nossa principal aliada. Nossos olhos é que podem nos fazer tropeçar.
Adoro seus olhos. Adoro a forma como me procuram e até o jeito como tentam fugir dos meus.
Quando se cruzam tudo para. As pessoas se calam, os ponteiros do relógio travam. Nos tornamos o centro.
São mais convincentes que qualquer palavra. Revelam nossos segredos. Externam nossos desejos. Desmentem nossas mentiras. Desfazem nosso cenário. Podem colocar tudo a perder.
Diante do seu poder somos incomparavelmente inferiores.
São capazes de nos levar para longe. Longe de nossa lógica tão bem preparada. Nos fazem viajar. Nos aproximam. Me levam para você e te trazem para dentro de mim.
Funcionam como um imã. No momento em que nos olhamos perdemos o controle de nossos atos.
Podem vencer nossa resistência, fazendo com que nos entreguemos ao que tanto queremos.
Nossos olhos nos entregam, nos iludem, nos encantam, nos apaixonam, nos tornam únicos.
Ninguém entende, só nós dois. Eles não são capazes de mentir, por isso gosto tanto. Nos vemos um no outro.
Me deixa te olhar. Olha para mim.

sábado, 22 de maio de 2010

Nosso Inexplicável Desencontro

Penso em você agora. Pensei em você o dia todo. Sonhei com você a noite passada, como nas anteriores. Por mais que eu negue, por mais que tente escapar, pareço estar presa em algo que está além da minha compreensão.
Tenho andado angustiada, tensa e a única coisa que faço é procurar desculpas para o verdadeiro motivo de tudo isso.
Eu juro que fiz de tudo para não me deixar levar desde o começo, mas não sou tão forte assim. Detesto demonstrar fraqueza. Odeio o fato de não conseguir mandar em mim mesma. Isso não é justo. Deveríamos ter o poder de escolher por quem vamos nos apaixonar, mas não é assim.
Já me iludi tanto, já me enganei tanto, sempre me afastei para evitar sofrer ainda mais. Talvez tenha errado. Fugir pode não ser a melhor maneira de evitar a dor.
Não entendo mais nada. Quando as coisas parecem caminhar, paramos tudo e nos afastamos inexplicavelmente. Tão inexplicável quanto a maneira como me interessei por você.
Será tão ridículo querer ser correspondida? Será tão absurdo esperar que alguém goste de você pelo que você é de verdade? Nunca quis ser mais uma na lista de alguém.
Estou muito longe da perfeição. Não quero ser modelo para ninguém. Tenho muitos defeitos, inseguranças e limitações, só não gosto de deixá-las tão evidentes.
Por que não tenho o direito de me irritar? Por que não posso chorar? Sou humana, sou uma mulher que sente as mesmas dores, vontades e medos de qualquer outra pessoa.
Não espere tanto de mim. Já basta o tanto que cobro de mim mesma.
Não estou desiludida, não estou sofrendo, não vou deprimir, nada disso. Este é apenas um momento em que sinto saudade daquele que nunca foi meu. Se me perguntar se será, responderei que não sei, não entendo e talvez nunca entenda. Não estou tão bem quanto gostaría, mas vai passar.
Vou dormir e, provavelmente, sonhar com você outra vez. Acordar e encarar mais um dia sem sua companhia. Resultado de sua escolha.
Amanhã começa tudo outra vez. Levanto e afirmo que farei tudo diferente, mas certamente continuarei esperando seu sinal.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Repara

A multidão parece aumentar sem que tenhamos tempo de notar. As pessoas passam por nós com uma pressa assustadora. As vozes se misturam aos barulhos dos carros, escutamos, mas não atentamos. Olhamos tudo ao mesmo tempo e nada observamos.
Preciso falar, mas não consigo juntas as palavras. A inspiração quer exclusividade. Talvez, por não ter dado atenção quando chegou, agora me escape dessa maneira.
Pode ser que eu esteja abrindo mão disso. Para que escrever? Para quem? A ninguém importa o que acontece aqui dentro. Escrever faz bem apenas para mim mesma, então por qual motivo preciso fazer isso de maneira que outros saibam?
Pode ser que seja o único momento em que me deixe levar pela coragem de dizer o que quero e o que sinto.
Isso é bom? Não sei. Mostro muito quem sou. Não sei se isso é bom. Não sei se quero que saibam.
Não posso escrever tudo o que quero. Não devo dizer quem eu quero. De que adiantaria?
Mas então por que não paro? Porque talvez eu queira que repare.
Olha, mas não encara. Investiga, mas não entende. Conquista, mas não percebe. Quer, mas não assume.
Repara que o tempo não espera. As coisas mudam e amanhã não estaremos mais aqui.
Posso partir sem planejar. Talvez demore para voltar ou nem volte.
Vou dormir para sonhar. Vai ver eu esteja sonhando acordada e vendo o que não existe.
Tenho prestado atenção demais em você. Posso parar e não querer mais reparar.
Pode ser que resolva me notar ou já note e eu só não reparei.
Posso compor uma canção só para você ou continuar assim apenas a escrever.

sábado, 8 de maio de 2010

Eu Te Amo!

Os pensamentos estavam longe. Por alguns minutos vi um filme passar diante dos meus olhos. Lembrei de tantas coisas. Tudo parecia tão real, tão recente. Chorei.
As lágrimas que rolam agora, são um misto de saudade e alegria.
Saudade daqueles que fizeram parte do passado e que contribuiram de alguma maneira para que chegássemos até aqui. Alguns já não estão mais entre nós e isso ainda dói.
Alegria por ver que ultrapassamos nossos limites e superamos o que parecia insuportável. Alegria por poder te abraçar agora e dizer o quanto eu preciso de você.
Não é necessário me conhecer muito para perceber o quanto gosto de falar de amor. O engraçado é que nem eu mesma sei explicar o motivo disso. Talvez por conhecer um amor de verdade, um amor capaz de enfrentar o mundo para proteger alguém, um amor único e seguro. É assim que me sinto quando estou perto de você.
Sabe aquele momento em que temos a impressão de que não suportaremos a carga? Aquela hora em que você faz uma burrada e se sente um perdedor? Aquele instante em que se dá conta de que dedicou tanto à alguém que não merecia e se sente um idiota por ter confiado?
Vivi todas essas experiências. Houve momentos em que senti vergonha de te olhar nos olhos por me sentir tão fraca, mesmo sem ter passado metade do que você passou na vida.
Lembro de um dia em que chorei tanto, me tranquei no quarto e pensei que nunca mais as coisas seriam como antes. Você entrou, me pegou pela mão, me abraçou e garantiu que seríamos felizes.
A sua confiança em mim faz com que eu acredite em mim mesma.
Por mais que eu tente dizer o quanto é importante para mim, nunca conseguirei expressar em palavras o tamanho disso. Quero te mostrar no dia a dia. Quero que sinta orgulho de mim. Quero te dar tudo o que merece e te fazer a pessoa mais feliz do mundo.
Talvez eu não consiga. Sou cheia de defeitos, sou pequena demais, mas quero que saiba que durante toda a minha vida farei o impossível para ser tão boa quanto você. Agradeço a Deus por sua vida.
Obrigada por estar ao meu lado sempre. Obrigada por não ter me deixado mesmo nos momentos em que eu não merecia ninguém por perto. Obrigada por entender o que eu quero, mesmo quando eu nego. Obrigada por ter me trazido ao mundo e me ensinado a ser quem sou. Obrigada por lutar por mim, por insistir. Obrigada por me devolver a fé quando eu já não acreditava em mais nada. Obrigada por seu amor, por sua amizade, por sua cumplicidade. Obrigada minha MÃE!
Obrigada por poder dizer, sem medo de me decepcionar: EU TE AMO!
*
OBS 1: Para aqueles que tem muitas queixas da galega aqui, existe uma culpada. Só estou por aqui causa dela. Briguem com ela!!!
*
OBS 2: Por que escrevi o texto agora se o Dia das Mães é amanhã? Porque sou avessa à imposições. Desde quando preciso de uma data específica para dizer que amo alguém? Quis fazê-lo agora e ponto. Esperar um minuto pode ser tarde demais. Decidi não desperdiçar nem um segundo mais. Talvez devessem pensar nisso também...rs.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Virando a Página

As brincadeiras inconsequentes. As gargalhadas fora de hora. O segredo revelado aos quatro ventos sem culpa. O abraço inesperado. O beijo roubado sem pudor.
Saudade de um tempo que nunca mais voltará! Fases que chegam, acontecem e vão discretamente.
A pureza do olhar que se perde ao enxergar a realidade de um mundo bem menos mágico que o esperado.
A coragem para fazer o que o coração mandar cede à razão, imposta pelo amadurecimento talvez mais rigoroso que o necessário.
O sentimento mais desejado pelo ser humano, reprimido pelo medo da não reciprocidade, adquirido depois de algumas feridas possivelmente não cicatrizadas.
Tudo parece tão complexo. Tudo parecia tão mais simples.
Os dias passam numa rapidez assustadora. Os planos feitos com antecedência perdem a hora. Com eles projetos são deixados para trás, esquecidos ou remarcados. Surgem novas promessas, novos prazos são estipulados e a incerteza da conclusão é o que acontece com maior frequência.
O mundo exige atenção, cuidado, desconfiança, prazeres momentâneos. Acabamos nos tornando egoístas e frios. Pensamos aproveitar tudo com intensidade e quando nos damos conta, tanto passou e sequer notamos.
Nos vestimos com uma armadura. Evitamos olhares, toques, palavras, pensando assim preservar um pouco a integridade. Talvez estejamos jogando fora a única chance de viver algo verdadeiro.
Preferimos a ilusão, a correr o risco de torná-la palpável. Só não entendemos que o amanhã poderá trazer o arrependimento de não ter lutado pelo que se queria de fato.
Há quem passe a vida toda a espera do amor e não o conheça jamais.
Há quem esteja diante dele e simplesmente não perceba.
Há quem o descubra, mas deixa que se perca, permanecendo a inércia.
O sol que brilhou durante todo o dia já se foi. O próximo jamais será igual. O que se deixou passar, passou. A noite trará a oportunidade de sonhar, desejar, pensar na maneira como temos escrito cada minuto de nossa existência.
A próxima página não será ditada por ninguém. Você tem o direito de fazer como quiser. Escolher suas prioridades. Agarrar a oportunidade ou vê-la se distanciar.
O passado jamais será alterado, remoê-lo não nos fará melhores. De que vale lamentar?
O presente está acontecendo. Torna-se passado num piscar de olhos.
O futuro nunca é certo, mas há tempo fazê-lo valer à pena.
Estou disposta a virar a página e começar algo novo. Ninguém pode fazer isso por mim. Serei obrigada a riscar algumas linhas, focar em outros pontos, abandonar certas esperas. Sei que não será fácil, mas não quero apenas suposições, preciso de algo concreto. Quero olhar nos olhos de alguém e ver meu reflexo dentro deles. Ser a protagonista de uma história. Quero viver e não apenas assistir ao espetáculo.

sábado, 1 de maio de 2010

O Frio

Meia-noite. Estou com frio. O vento gelado que passa pela fresta da porta não é o maior incômodo. Não quero mais blusas, não serão eficientes esta noite. Só uma coisa seria capaz de mudar isso.
O telefone tocou, não era você. No fundo eu já sabia, mas por que não me iludir um pouco?
Sinto-me no meio de um vendaval. Dúvidas, receios, ansiedade, carência, paixão, desejo. Uma mistura de emoções que me confundem. Ações que me aproximam e me afastam simultâneamente.
É incrível como é bom quando estou perto de você. Chega a ser assustador. Um medo bom que não quero parar de sentir.
Precisava do seu abraço agora, do calor da sua pele.
Fecho os olhos e sou capaz de sentir sua mão acariciando meu rosto, enquanto a outra me leva para junto de você. Nos olhamos fixamente. Respiramos tão perto um do outro que já não há possibilidade de distinguir entre o meu fôlego e o seu. Há uma sintonia inexplicável. Nos comunicamos sem trocar uma única palavra. Os segundos que antecedem o beijo tão desejado parecem eternos e tornam o sabor ainda melhor.
Abro os olhos e o frio aumentou. Tudo não passou de um delírio. O pior é saber que não precisava ser assim. É tão difícil compreender que a minha coragem só espera uma atitude sua?
Quer tanto quanto eu. Você tenta esconder, mas quando olho para você... vejo que lê nos meus olhos a mesma coisa que leio nos seus.
Estou mais perto do que imagina. Não me deixe escorrer como água por entre seus dedos.