"Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, se não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine."
(I Coríntios 13.1)


segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Eu e você

Eu sou a água e você o fogo.
Eu quero a casa e você a rua.
Eu vou para o claro e você procura o escuro.
Eu admiro a lua e você aprecia o sol.
Eu busco o calor e você quer o frio.
Eu escolho o branco e você opta pelo preto.
Eu resolvo ir e você decide ficar.
Eu peço silêncio e você faz barulho.
Eu arrumo e você bagunça.
Eu digo sim e você responde não.
Eu grito não e você me cala com o sim.
Eu tenho pressa e você vai mais devagar.
Eu encaro e você foge.
Eu me escondo e você me encontra.
Eu fico com raiva e você me amansa.
Eu estou escapando e você me agarra.
Eu sou a subjetividade e você vai direto ao ponto.
Eu sou a poesia e você a essência do poema.
Eu sou o começo e você a minha extensão.
Eu sou o oposto e você é a prova de que eles se atraem.
Eu sou você e você já não quer mais sair de mim.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Lembranças

Não sei dizer o que senti. Foi uma grande surpresa.
Você esteve tão perto de mim. Pude ver o seu rosto, exatamente como é.
O mesmo olhar e o mesmo sorriso. Aquele sorriso.
Sim, algumas mudanças existem, afinal, já se foram mais de 4 anos.
O cabelo está um pouco mais curto, embora tenha optado por manter seu estilo.
Suas mãos... É claro que vi suas mãos! Usava uma aliança, mas não era a mesma que vi pela última vez. Conheço cada mínimo detalhe daquela. Você me pediu para guardá-la, lembra?
Pude sentir a maneira como me tratou. Objetivo, sucinto, sem me olhar nos olhos.
Evitou qualquer tipo de aproximação ou contato direto comigo.
Não posso me queixar. No fundo, eu já esperava por isso.
Sei que ficou com raiva de mim. Me perdoe! Eu nunca quis te magoar.
Tudo, absolutamente tudo o que fiz foi pensando no bem.
No seu, no meu, no nosso bem.
Eu não queria dizer adeus. Eu não suportaria.
Eu disse que partiria. Só não disse a hora.
Queria guardar comigo apenas a última lágrima que derramamos juntos.
O último beijo, o último toque, o último olhar.
O momento em que você disse que me amou mais do que tudo em sua vida.
Acreditei quando disse que viria. Esperei. Ah... como esperei!
Você não veio. Chorei. Por muito tempo eu chorei.
Como eu gostava de você. Só Deus sabe o quanto.
Nossas diferenças só deixavam a relação ainda mais intensa.
Estava disposta a viver ao seu lado. Eu precisava apenas de um primeiro passo seu.
Você não veio, não deu o primeiro passo e eu sumi.
Me desculpe! Eu precisava ficar sozinha comigo.
Você me ensinou muito. Mudei conceitos, aprendi e me apaixonei de verdade.
Você sabe que nunca será esquecido. Você marcou.
Arrisco dizer que também marquei você.
Tínhamos que estar juntos naquele tempo, você sabe.
Hoje restam lembranças. Imagens se repetem em minha memória.
Agora, me pergunto, o que teria te trazido até aqui.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Lugar

Demorei para digerir.
Ainda sinto algo atravessado na garganta.
Posso não saber ao certo o que represento para você,
mas sei exatamente o que não represento.
De fato não ocupo o lugar que gostaria.
Fiz o possível, do meu jeito.
Certo ou errado, fui apenas eu.
É verdade que não está sendo fácil.
Dizem que com o tempo entendemos tudo.
Espero um dia entender e encontrar na vida de alguém o meu lugar.
Um lugar que em sua vida jamais terei.
Existem coisas que simplesmente acontecem.
Outras não são para ser.
Parece que a nossa história não é para ser.
Não foi e parece que não será.
Não há nós. Apenas eu e você.
Eu aqui e você aí.
Juntos, mas cada um no seu lugar.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Um erro

As coisas andam tão estranhas entre nós.
Quando pensei que ficaríamos mais próximos, nos afastamos.
É como se tudo o que fizemos para chegar até aqui,
tivesse se perdido da noite para o dia.
Tantos olhares, tanto mistério, tanta espera...
Tudo perdido em meio às suposições.
Apenas um erro.
Frases soltas soam incessantemente aos meus ouvidos.
Posso ver o seu rosto investigando o meu jeito.
Estudando uma maneira de me abordar.
Os sinais me prenderam num labirinto. Agora não sei como sair.
Sou refém de uma mentira bem contada.
As palavras, ainda tão vivas em minha memória,
são como reprises de um filme.
Um filme que começou há algum tempo e eu me recusava assistir.
Cenas que se repetem em câmera lenta, querendo me enlouquecer.
Agora penso que teria sido melhor continuar com os olhos fechados.
Eu carregava a certeza da impossibilidade.
Hoje caminho à sombra da dúvida.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Inexplicável

Queria encontrar um jeito de descrever isso
Palavras para expressar o que estou sentindo por você
Já me questionei tantas vezes
Procurei respostas de diversas maneiras
Tentei não falar, mas não me contive
Resolvi me afastar de você
Um tempo sozinha comigo mesma talvez me faça bem
Quem sabe assim eu não consiga sair deste turbilhão?
Não consegui. Todas as vezes que olhava para mim, enxergava você
É como se você tivesse invadido o meu ser
Foi um vendaval que chegou manso como a brisa
Ganhou força e fez-me vítima do seu poder
Forte, grande, intenso, avassalador
Quero, desejo, sinto que preciso de você
Nossos corpos não obedecem nossos comandos
A razão perdeu para o sentimento
Tenho medo de te perder também
Por mais que eu tente, não posso te fazer ser meu
Não sei falar. Não sei como falar
Os meus olhos sempre revelam o que os meus lábios negam
Talvez nada precise ser dito
Basta que fiquemos frente à frente
E esse inexplicável fará por nós o que não somos capazes de fazer

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Não fala nada

Não fala nada
Para que palavras se podemos ficar assim...
Só eu e você
Longe ou perto, estamos sempre juntos
Você não sai daqui de dentro
Sei que estou marcada em você também
Mesmo negando e fingindo
Isso é mais forte do que nós dois
Me deixa te olhar e eu te deixo me olhar
Assim, como fizemos outras vezes
Por segundos olhamos e brincamos de nos esconder um do outro
Me deixa te tocar e eu te deixo me abraçar
Quero sentir sua mão acariciar o meu rosto
Preciso sentir aquele arrepio quando chega perto
Então vem, mais perto
Me deixa sentir o seu cheiro e eu deixo misturar ao meu
Podemos nos perder que sempre vamos nos encontrar um no outro
Não fala nada
Não quero mais palavras
Preciso sentir o seu gosto
Não fala nada
Ou apenas sussurre ao meu ouvido o que só nós sabemos
E eu te mostro que só estava esperando por isso

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Cansada

Eu não devia estar aqui
Não devia falar mais
Nada do que eu disser mudará
Não sei de mais nada
Sei de mim
Como estou e o que quero
Sei que isso não tem importância para ninguém
Sei também que estou cansada
Cansada de tantas esperas
Tantas ilusões e decepções
Esperei...
Cada minuto parece uma eternidade
Tentei...
Todas as tentativas se frustraram
De que me adianta estar aqui?
Precisar falar, mas você não querer ouvir
Agora devo me calar
Sufocar de uma vez por todas tantos enganos
Arrancar de dentro de mim essa dor
Enxugar sozinha as lágrimas
Parar de procurar respostas
Cansei de te procurar quando mais preciso e não te encontrar
E você, sequer perceber a minha necessidade de te ter
Eu só precisava saber que estava ao meu lado, só isso
Ah... eu não devia querer, muito menos confessar
Não, não farei mais nada
Talvez um dia eu entenda o que leva meu coração à errar tanto

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Queria

Queria sair por aí
Sem dia e hora para voltar
Queria um pouco de insanidade
Para bater na sua porta e te beijar
Queria poder dizer que me apaixonei
E ouvir você dizer que te conquistei primeiro
Queria um lugar escuro
Para me esconder do mundo, com você
Queria apenas a lua
Como testemunha do nosso encontro
Queria correr em sua direção
E ver que já não suportava a minha ausência
Queria fugir do frio da solidão
E me aquecer no calor dos seus braços
Queria ter amnésia
Para esquecer o quanto eu gosto de você
Queria apenas uma certeza
A certeza de que me quer tanto quanto eu quero você

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Apenas palavras

É tão estranho olhar e ver que não tenho mais lugar na sua vida.
Isso me faz pensar que, na verdade, nunca tive.
Mais do que estranho. Doloroso.
Insensato me apaixonar por você.
Tolice pensar que você sentia o mesmo.
Ilusão acreditar que representei algo importante.
Só queria entender porque me fez pensar que sim.
Eu não pedi nada, não perguntei nada.
Parecia que queria.
Eu via em seus olhos.
Sentia cada vez que nos aproximávamos.
Estava quieta. Dizia não e enganava a mim mesma.
Já estava até acostumada com isso.
Como eu queria estar aí com você agora.
Parece que não tenho lugar na sua vida.
Será que perdi o que ocupava ou nunca tive?
Por que despertou este sentimento?
Para agora fingir que não houve nada?
É, não houve mesmo.
Foram apenas palavras e mais nada.
Nada para você.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

É hora

Ok! Já chega. Sempre chega. A minha chegou.
É hora de levantar a cabeça, de apagar algumas linhas e rasgar certas páginas.
Hora de enxugar as lágrimas e abrir o sorriso.
Ou apenas enxugá-las para dar lugar à outras que ainda insistem.
Tanto medo de me machucar e foi inevitável.
Me iludi com seus olhos que me procuravam.
Ou apenas eu queria ser encontrada.
Não foi culpa sua, nem minha.
É culpa de um coração livre e sonhador.
Teimoso e com ânsia de voar alto e sentir muito mais.
É verdade que você mexeu comigo. Além do que podíamos supor.
Pensei que fosse recíproco.
Nunca foi.
Ou foi e quando me dei conta já era tarde.
Agora não importa. Já foi.
É hora de ouvir menos este coração. Ser mais racional.
Mas acho improvável mudar tanto, sou inteira emoção.
Nunca amei de verdade. Pensei que amaria você. Queria amar você.
É hora de parar de pensar e querer.
É hora de amadurecer.
Tem que ser agora ou posso perder a hora. A minha hora.