"Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, se não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine."
(I Coríntios 13.1)


sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Um reflexo no espelho

Com os olhos fixos no espelho a imagem estava distorcida
O objeto parecia refletir o interior daquela que se colocava diante dele
Talvez a confusão de sentimentos estivesse mais evidente do que imaginava
Como ela desejava mudar a situação
Mas quando se deu conta do que acontecia
As mãos já estavam atadas e se viu impotente por completo
Perdeu muito tempo esperando pelo que não chegaria
Teme ter perdido também a chance de tentar por priorizar uma ilusão
A tentativa agora é outra
Precisa entender o que tanto busca
O que quer de fato e como quer
Sabe que não há perfeição e não almeja tanto
Se fosse perfeito não teria graça
Quer apenas sentir que é a prioridade
Que desperta mais do que um entusiasmo passageiro
Antes disso precisa de um tempo para si
Enxergar o que ouve dos outros, mas ainda não viu
Olhar e ver além do reflexo no espelho

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Segredos

Sempre tão bem escondidos.
Não os revelamos a ninguém.
Alguns, ousamos disfarçar para nós mesmo.
São como tesouros valiosos, muito bem guardados.
Eu tenho os meus. Você os seus.
Temos os nossos.
Aqueles que compartilhamos sem sequer abrir a boca.
Ninguém sabe. Todos desconfiam.
Você não me conta, mas eu sei detalhes.
Eu não falo, mas você sente.
Não revelaria, ainda que me perguntasse.
Prefiro que descubra sozinho, aos poucos.
Já dei pistas e os sinais são evidentes.
Junte as peças e chegará ao lugar em que queremos.
Esse mistério não é de todo ruim.
Conduz no ritmo certo cada pequena descoberta.
Um nós que insiste em permanecer oculto.
O segredo é nosso e ninguém precisa entender.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Um engano ou...

Não sei dizer por quanto tempo fiquei ali
Inerte, apenas olhando para o alto
Havia muitas estrelas no céu e o vento que batia no meu rosto aliviava a noite quente
Pensava em tantas coisas ao mesmo tempo
Inutilmente, tentava entender o que estava sentindo
Um alívio que no lugar da tranquilidade me proporcionava algo como decepção
Sempre acreditei tanto no olhar
Talvez por saber que meus olhos denunciam o que não falo
Agora foi diferente
Eu disse não. Recusei. Abri mão e...
E agora me sinto traída pelos seus olhos
Eles me enganaram tão bem
Você tentou e eu não quis
Mas tinha mais chance do que imaginava
Eu estava prestes à dizer sim, você disse não sem mencionar uma só palavra
Parecia diferente dos outros
Parece que me enganei
Continua a me investigar com os olhos, mas foge das possibilidades
Já não sei mais quem é você
Tudo parece confuso e bem armado
Você é um mistério ou quer apenas me deixar vulnerável
Talvez esteja esperando o momento certo, para não se precipitar como da outra vez
Ou se deu conta de que eu não importo tanto assim para você