"Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, se não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine."
(I Coríntios 13.1)


quinta-feira, 29 de julho de 2010

Um Livre Coração

Ele não mede consequências. Não é racional. Não aprende com erros anteriores. Não obedece. Não pode ser dominado. Não gosta de se sentir aprisionado.
É livre e de tão livre se acorrenta aos seus impulsos.
Ilude-se facilmente. Basta um sorriso para ficar todo bobo.
Algumas poucas palavras o convencem daquilo que quer acreditar.
As tantas trocas de olhares, talvez insignificantes para o outro, o fazem crer que é correspondido.
Ele sonha todos os dias, todas as noites, todo minuto. Se engana a cada simples gesto.
É uma criança ingênua, que por mais avisada que seja, insiste em acreditar naquilo que deseja.
Agarra-se ao fio de esperança cada vez mais fino, insistindo no que parece cada dia mais difícil.
Quer desesperadamente expor tudo o que sente, mas teme a rejeição. Apavora-se ao imaginar que pode ser desprezado e virar motivo de gozação.
Se pudesse demonstrar o quanto está envolvido...
Se tivesse pelo menos um sinal de que também é correspondido...
Se sentisse que a única coisa que falta é a oportunidade, o momento certo...
Ah! Ele é livre e por ser livre tem o direito de sentir e deixar de sentir.
Apaixonar-se e magoar-se. Machucar-se e curar a ferida.
Sonhar, desejar e acreditar.
Ele é livre e por ser livre continua preso ao querer amar e encontrar o seu par.

domingo, 25 de julho de 2010

Pode sentir?

O silêncio seria absoluto, não fosse o vento que soprava em direção das árvores, fazendo as folhas se movimentarem como uma bela valsa.
A noite estava encantadora. Podia sentir o vento suave acariciar meu rosto. O cheiro da terra ficou mais intenso depois da chuva fina do começo da manhã.
Já havia perdido a noção do tempo que estava ali. Era quase fim de tarde quando deitei na grama para olhar o céu. O tempo passou e nem notei. Estava tão envolvida com a beleza do que via que desliguei completamente de qualquer outra coisa.
Vi o sol se pôr devagar, dando lugar à lua. Linda! Estava magnífca aquela noite. Um esplendor!
O azul delicado da bela tarde foi se misturando à escuridão que trazia consigo o começo de uma noite ímpar.
A sensação de paz que sentia era inexplicável. As estrelas produziam um efeito mágico, como se tivessem sido pintadas ao redor da lua pelo mais sensível artista. Refletiam um brilho intenso que iluminava a negra noite.
Fechei os olhos e respirei fundo. Senti algo diferente. Um outro perfume parecia se espalhar. Não acreditei. O encanto do ambiente certamente estava me fazendo imaginar coisas demais.
Permaneci com os olhos fechados, mas o aroma se intensificava. Senti algo delicado passear entre meus cabelos que estavam espalhados pela grama. Não resisti, abri os olhos e vi. Era você.
Estava ali, diante de mim. Foi o seu perfume que invadiu a noite. Foram seus dedos que deslizaram entre meus cabelos.
Me pegou pela mão, me levantou e me olhou profundamente, daquele jeito que só nós dois entendemos. Com a ponta do dedo acompanhou cada curva do meu rosto, se aproximando cada vez mais até tocar meus lábios. Mais uma vez nos olhamos e enfim nos rendemos ao sentimento há tanto tempo escondido. Um beijo longo e inimaginável.
Foi sublime, romântico, maravilhoso.
Nosso encontro imprevisível, transformando a esperança em realidade, no mais incrível cenário que pode existir.
Não sei quanto tempo ficamos ali. Só sei que ainda sinto você. Sei que está aqui. Eu estou aí. Sente?