"Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, se não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine."
(I Coríntios 13.1)


sexta-feira, 21 de maio de 2010

Repara

A multidão parece aumentar sem que tenhamos tempo de notar. As pessoas passam por nós com uma pressa assustadora. As vozes se misturam aos barulhos dos carros, escutamos, mas não atentamos. Olhamos tudo ao mesmo tempo e nada observamos.
Preciso falar, mas não consigo juntas as palavras. A inspiração quer exclusividade. Talvez, por não ter dado atenção quando chegou, agora me escape dessa maneira.
Pode ser que eu esteja abrindo mão disso. Para que escrever? Para quem? A ninguém importa o que acontece aqui dentro. Escrever faz bem apenas para mim mesma, então por qual motivo preciso fazer isso de maneira que outros saibam?
Pode ser que seja o único momento em que me deixe levar pela coragem de dizer o que quero e o que sinto.
Isso é bom? Não sei. Mostro muito quem sou. Não sei se isso é bom. Não sei se quero que saibam.
Não posso escrever tudo o que quero. Não devo dizer quem eu quero. De que adiantaria?
Mas então por que não paro? Porque talvez eu queira que repare.
Olha, mas não encara. Investiga, mas não entende. Conquista, mas não percebe. Quer, mas não assume.
Repara que o tempo não espera. As coisas mudam e amanhã não estaremos mais aqui.
Posso partir sem planejar. Talvez demore para voltar ou nem volte.
Vou dormir para sonhar. Vai ver eu esteja sonhando acordada e vendo o que não existe.
Tenho prestado atenção demais em você. Posso parar e não querer mais reparar.
Pode ser que resolva me notar ou já note e eu só não reparei.
Posso compor uma canção só para você ou continuar assim apenas a escrever.

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