"Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, se não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine."
(I Coríntios 13.1)


quarta-feira, 7 de abril de 2010

Apenas saudade

O dia amanheceu tão frio quanto a noite de ontem. Esse clima de inverno em pleno outono, me deixa estranha. Essa manhã não me traria apenas o vento de mais um dia gelado, mas seria o cenário para que a dor da saudade viesse ainda com mais intensidade.
Hoje completa quatro anos que foi embora. Quatro longos e vazios anos. Sinto tanta falta do sorriso, dos sustos que levavá cada dez em que a surpreendia com um abraço, das gargalhadas pelas histórias malucas que contava... Sinto muita, mas muita saudade. Dessa vez parece que veio pra machucar de verdade.
Cresci em sua companhia, ouvindo suas experiências e aprendendo a cada novo dia. Foi com ela que entendi que vale à pena lutar pelo que se quer. Foi ela que me mostrou que nada é impossível.
Por muitos anos me senti muito excluída. Nunca ouvia um "eu também" depois de dizer "eu te amo". Raramente, recebia um abraço se não fosse buscar por conta própria. Nunca pensei que eu representasse alguma coisa. Até um dia me sentar ao seu lado no sofá e ouvir, exatamente com essas palavras: "Minha filha, escute o que eu te a dizer. Você vai ser muito, mas muito feliz. Você ainda vai rir de todas as dificuldades que enfrentou e vai fazer muita gente feliz. E tudo isso, só por merecimento. Você é linda, é esforçada, guerreira e ninguém vai te impedir de chegar onde só você deve chegar. A vovó nunca falou muito com você, mas sempre te amou e admirou demais.". Um abraço longo e demorado encerrou a cena.
Depois que nos afastamos pela primeira vez, ela me ligou e disse por telefone que me amava. Quando voltei às pressas, parecia que estava apenas me esperando. Foram vinte e quatro horas ao seu lado, até partir definitivamente.
Depois disso muitas pessoas me contaram que ela dizia que nunca se preocupou comigo, pois, sabia que eu tinha a cabeça no lugar e que eu não desistiria dos meus ideais. Outros precisavam mais dela do que eu. Eu era um motivo de orgulho.
O que ela não sabia é que eu precisava ouvir isso tudo da boca dela e que mesmo parecendo tão forte, algumas vezes me sentia tão fraca e só o que eu queria era um abraço.
Algumas vezes, na maioria, não basta saber que somos queridos, é preciso ouvir isso.
Para falar a verdade, nem eu sabia que a amava tanto. No fundo, havia um medo de amar e me sentir rejeitada. Já estava cansada disso.
Hoje chorei e ainda estou com vontade de chorar. O fato de saber que não voltarei a vê-la me causa uma dor terrível.
Queria mesmo é ter certeza que ela sabia do meu amor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário