"Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, se não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine."
(I Coríntios 13.1)


sexta-feira, 22 de abril de 2011

Esperança

Hoje é feriado, as pessoas estão animadas e o céu estrelado
convida os amantes da noite para uma volta, mesmo sem destino certo.
Daqui posso ouvir as vozes do outro lado da porta.
A buzina anuncia a chegada do rapaz para buscar a namorada.
Ela caprichou no perfume. O aroma invade meu quarto
trazido pelo vento suave.
O som do carro que passa na rua ao lado
deixa claro que a diversão está apenas no começo.
Nada como uma bela noite para inspirar os corações solitários.
Há pouco me perguntei o que estaria fazendo aqui.
Acabo de receber um convite para jantar. Minha resposta foi tão rápida,
decorada e ensaiada que ri de mim mesma.
Não, não quis e não quero ir, não tenho vontade,
embora aprecie a noite de maneira incomparável.
Preferi parar por alguns minutos e olhar para o céu.
A lua, que tanto me encanta, minha companheira de noites como esta,
hoje se escondeu, procurei, mas não a encontrei.
Confesso que me senti abandonada.
Ela sempre está por perto. Sempre pronta para ouvir meus segredos.
Hoje não estava. Fiquei só. Apenas eu e meus pensamentos.
As vezes sinto que espero por algo que nunca vai acontecer.
É que como se este amor nunca fosse chegar.
Tenho a sensação de viver numa ilusão,
que talvez eu não queira abandonar.
A ilusão de amar e ser amada intensa e verdadeiramente.
Sim, poderia estar com alguém que me ama, agora se quisesse.
Mas não posso ter o que não sou capaz de oferecer.
Quero viver algo indescritível e imensurável.
Se é possível? Sim. Agarro-me à esperança e acredito no que sinto.
Sei que posso. Tenho em mim algo prestes à explodir.
Esperar? Não sei até quando serei capaz.
Eu quero e vou viver.
Com quem? Não é difícil descobrir.
Meus olhos são espelhos que refletem mais do que pronuncio.
Mas se não sabe, também, não cabe a mim dizer.

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