"Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, se não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine."
(I Coríntios 13.1)


quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

E aí, vai continuar como um fantoche?

Viro para um lado e para o outro. Levanto, ando pela casa e volto para a cama. Tenho sono, muito sono, mas não consigo me entregar. As horas passam depressa, assim como os flash's que insistem em chamar a atenção me mostrando o que não quero ver. Já passa da meia-noite, o tempo para repor as energias está cada vez mais escasso, sei que daqui a pouco serei acordada pelo dedilhado do piano vindo do celular, o mais moderno despertador desta geração. Por mais que meu corpo peça, minha alma não deixa. Preciso falar chorar, gritar, desabafar!
Não adianta me perguntar o que está acontecendo, não terei a resposta e se tivesse não a revelaria. Não sou do tipo que fala, sempre me entendi melhor com as letras. Diria que há um acumulo de ideias, desejos e projetos.
As cenas continuam aparecendo. Desisto de evitá-las, vou encarar, afinal, fugir não faz meu gênero, nunca fez. Desde pequena foi assim, crescendo e tentando entender as coisas, as pessoas, a mim mesma. Se cheguei à alguma conclusão? Não. E pareço estar bem longe de tal conquista. Só o que sei é que mudei muito e não pretendo parar.
Vejo o rosto daquele homem, nem sei o nome, deve ser algum João, José, não importa, afinal, quantos dele existe espalhados por aí? É só mais um no meio da multidão. A diferença é que esse não conseguiu riscar o fósforo após se banhar em gasolina. O motivo? Há trinta e cinco anos mora numa área de propriedade da Prefeitura de São José do Rio Preto. O que faz da vida? Catador de papelão. Atividade que lhe rende um salário mínimo por mês. O suficiente para sustentar seis pessoas, não acha? O prefeito da cidade deve saber, pergunta a ele. Ah, não esqueça de perguntar também ao juíz que assinou a retomada de posse. Provavelmente, os ratos da cidade - dessa vez não me refiro aos que andam em carros importados - devem estar em busca de uma toca, por isso, o mais sensato é é derrubar a casinha do homem. Além do mais, o que não falta neste país são viadutos e sarjetas, disputar a vaga será o mais complicado para o novo morador de rua.
Mais que tolice a minha, para que me abalar? Estamos tão acostumados que tropeçamos em tantos desses e nem percebemos.
Isso me irrita, certo, ultimamente muitas coisas me irritam! Essa sociedade hipócrita, por exemplo. Homens e mulheres que ditam regras. Sim, pois, querer quebrá-las a qualquer custo também é ditatorial. Pregam um mundo sem preconceito. Oh, como me tiram do sério! Bando de falsos moralistas e fingidos.
Apóiam a igualdade, mas ainda tratam a mulher com menosprezo. Se namora de mais é galinha, se não fica com ninguém é "sapatão" ou quer ser santa.
Por falar em "sapatão", se mostram partidários ao homossexualismo, mas não querem um filho gay.
Anunciam aos quatro cantos do mundo que não existe mais racismo, que o negro é tratado com respeito, mas ainda olham com desconfiança para um.
É melhor parar, talvez alguém se aborreça comigo. Quer saber? Dane-se, aprendi que nunca conseguirei agradar a todos e nem quero isso. Por muito tempo me preocupei com o que pensavam, hoje não estou nem um pouco preocupada.
A verdade é que para se falar o que realmente se pensa é preciso coragem, palavra rara para muitas pessoas. É mais fácil concordar e ser "Maria vai com as outras".
Vou dormir, agora será mais fácil. Devo me preparar para mais um dia nessa terra de imaculados, prontos para apontar o dedo e tacar pedras.

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