"Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, se não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine."
(I Coríntios 13.1)


sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Questionamentos de um coração

Daqui posso ouvir o latido longe de algum cachorro na rua ao lado. Pelo barulho do motor, o carro que passa lá fora deve ser antigo e a música sugere o começo de um final de semana bem agitado. A noite está quente hoje e a lua mais encantadora que o normal. Sei quase tudo que se passa do outro lado das paredes deste quarto. Nada me prende. Nada fisicamente. Sinceramente, estou começando a ficar assustada. Não consigo compreender o que está acontecendo comigo. Não consigo me concentrar. Tento de alguma forma me libertar dessa coisa que me sufoca. Não falo, nem tente me convencer. Escrever então, isso certamente me ajudará. Não tem jeito, as palavras surgem e desaparecem em segundos. Está começando a chover, posso ouvir as primeiras gotas, mais densas, caírem sobre o toldo de alumínio que cobre o área lateral. Em menos de quinze minutos as coisas já mudaram, o tempo inclusive, menos essa sensação que me incomoda.
Várias vezes repeti para mim mesma que isso não aconteceria comigo. Teimei, desconversei, me enganei...você não sai da minha cabeça e isso me irrita cada vez mais.
Não é possível, mal nos vemos, mal conversamos. Você fala com todos e eu também, mas quando nos aproximamos...nada, não acontece absolutamente nada, o máximo que conseguimos é trocar poucas palavras.
Só posso estar ficando maluca. Me olho no espelho e vejo uma criança boba sonhando acordada. Que coisa mais ridícula! Fico dias sem te ver e quando nos encontramos começa tudo outra vez, o coração dispara, as mãos tremem, o nó na garganta reaparece. Você me ignora e essa atitude me deixa complemente revoltada, age como se eu não tivesse nenhum valor para você, talvez não tenha mesmo. E os olhares? E o sorriso sem graça? E as coincidências inexplicáveis?
Você apareceu numa época em que não esperava e me chamou a atenção nem sei porque. Seus olhos, sua voz, seu sorriso... tudo me hipnotiza.
Não posso continuar dessa maneira, penso em você o dia todo e quando deito para dormir, aparece nos meus sonhos. Existe um mundo lá fora, cheio de pessoas interessantes. Preciso arrumar um jeito de enxergar quem me vê e esquecer alguém que nem sei se lembra de mim.
O cachorro parou de latir, a chuva também cessou, continuo sabendo quase tudo o que se passa lá fora, vou deitar e nenhuma notícia sua.

Um comentário:

  1. Amiga..eu ja te disse várias vezes que você tem o dom de escrever o que as pessoas queriam dizer e não conseguem...você é simplesmente incrivel...
    Parabéns..!
    beijinhos
    da Jacque!

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